Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova comemoram 70º aniversário
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova (AHBVPN) assinalou, dia 25 de novembro, o 70º aniversário, com uma celebração que incluiu promoções, a tomada de posse do Comando, condecorações, a inauguração da sala polivalente e das obras de requalificação do quartel, para além dos discursos da sessão solene.
O secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, em conjunto com o presidente da Direção da AHBVPN, José Araújo Marques, e o presidente da Câmara de Proença-a-Nova e, simultaneamente, presidente da Assembleia Geral da AHBVPN, João Lobo, presidiu a inauguração da sala polivalente, onde figuram alguns dos marcos das sete décadas de história da Associação, bem como o nome de todos os que contribuíram para a causa, quer na parte diretiva, quer na parte do voluntariado.
Na sua intervenção, João Lobo destacou o grupo de 27 Proencenses que, em 1948, se juntou para criar a Associação Humanitária, suprindo uma falta há muito sentida por toda a população. “Foram pessoas que sentiram a necessidade de fazer proteção e socorro para pessoas. É fundamentalmente disso que estamos a tratar nestes 70 anos, do dever de cidadania, que entronca no espírito de voluntariado, de pessoas para pessoas”. A realidade hoje em dia é totalmente diferente do final dos anos 40, obrigando à evolução dos meios, à necessidade de construção do quartel e à exigência de bombeiros cada vez mais preparados para darem resposta a todas as solicitações de proteção de bens e pessoas, pela via profissionalizante, ainda que “o corpo de bombeiros terá sempre de corporizar o voluntariado”. Na sua perspetiva, este serviço aos bombeiros deveria ter cariz obrigatório junto dos jovens, devidamente enquadrado e com apoio que se podia levar ao nível educacional, para minimizar a falta de voluntários em territórios de baixa densidade e incutir o espírito de dádiva que sempre caracterizou os bombeiros.
Recebendo no seu território o Centro de Coordenação de Meios Aéreos, no Aeródromo Municipal, o autarca deixou a garantia que irá ampliar o edifício se houver também o compromisso a nível central para manter os serviços aí alocados, nomeadamente a Base Permanente da Força Especial de Bombeiros e a Unidade Local de Formação. “A posição geográfica do Aeródromo Municipal é uma importante mais valia para toda a Região e é efetivamente o sítio certo para o contingente que ali temos e se houver continuidade iremos ampliar este espaço tornando-o unidade de excelência”, referiu.
João Lobo destacou ainda a forte parceria entre a Associação Humanitária e a Câmara que se traduziu, por exemplo, no contributo para as obras de requalifi-cação do quartel, essencial para o bem-estar do corpo de bombeiros. “É também o reconhecimento do vosso desempenho e do trabalho que fazem, nomeadamente durante a época mais crítica dos incêndios florestais”.
O autarca também considera urgentes leis que reformem a gestão da floresta “tornando-a de facto num ativo e não num problema. É preciso um exercício político forte, muitas vezes que eventualmente não granjeia votos, mas que se vai traduzir com certeza na riqueza maior que temos”.
A braços com o descontentamento dos bombeiros face à nova proposta de lei, o secretário de Estado da Proteção Civil esclareceu alguns dos pontos mais polémicos do diploma, mostrando abertura para continuar o diálogo que sempre existiu com a Liga dos Bombeiros. Para além de anunciar a publicação de um aviso que permitir a todos os bombeiros ter dois equipamentos de proteção individual, José Artur Neves destacou o investimento de 42 milhões de euros feitos nos últimos dois anos, tanto na remodelação de quartéis, como na aquisição de viaturas, e os números dos incêndios deste ano que revelam já uma maior aposta na prevenção. “O problema verdadeiramente não está no pilar do combate, esse é o que está melhor estruturado”. É nesse sentido que continuará a ser fundamental a gestão de combustível junto aos aglomerados urbanos e a continuação do processo de cadastro que permita conhecer a floresta para melhor a gerir. O objetivo é reduzir o número de ocorrências que em Portugal apresenta valores muito superiores a outros países do Sul da Europa.
José Artur Neves abordou ainda a temática da carreira profissional dos bombeiros da administração pública, com a reconversão da Força Especial de Bombeiros em Força Especial de Proteção Civil e a negociação com a Associação Nacional de Municípios para a existência de uma carreira única e balizada na administração. Quanto às Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários, o esforço está a ser feito com a criação de equipas de intervenção permanente. Às 120 criadas em 2018 juntar-se-ão mais 40 no próximo ano. Esclarecendo os contornos do cartão social do bombeiro, o secretário de Estado reforçou a importância do trabalho desenvolvido pelos corpos de bombeiros, considerando que “é um trabalho de proximidade, um trabalho de socorro imediato, algo de que o País sente orgulho”.
Durante a sessão solene, Tiago Marques tomou posse como comandante dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova, reconhecimento pela valia profissional e capacidade de liderança; Filipe Nunes, César Henriques, Miguel Cardoso, Ramiro Mendes, Ricardo Almeida, Diogo Rodrigues, Guido Henriques e Nuno Ribeiro foram promovidos à categoria de bombeiro de 1ª da carreira de bombeiro voluntário. Hugo Martins, anterior comandante, foi promovido à categoria de chefe e foram condecorados José Cardoso, João Teodoro e Manuel Pedro, que cessaram a colaboração com a Associação. António Jorge Martins recebeu o Prémio de Bombeiro do Ano do Corpo Ativo da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova, entregue pela primeira vez este ano.