Cantigas irónicas e de folguedos. Abrange a vertente satírica e zombeteira, de crítica social, que assumia mais intensidade no tradicional chorar do Entrudo. Tal apreciação crítica também surgia nas nossas aldeias, sobretudo aos Domingos, nos folguedos, nos jogos de roda e nos bailes.
Continuando a divulgar as recolhas realizadas no concelho de Penamacor, com características de autenticidade e originalidade, apresento hoje com uma cantiga satírica, recolhida na zona da Raia por quem trabalhou no lado de Espanha:
A Molineira

A Molineira, sapato blanco
E o pobre molineiro
Anda de tamanco
Lará-lará-lará-lá-lá

A Molineira, cordão d´oiro
E o poebre molineiro
Tem cuernos del toiro
Lará-lará-lará-lá-lá

A Molineira usa bom cílio
E o poebre molineiro
Nem calça um cílio
Lará-lará-lará-lá-lá

Uma outra cantiga tradicional popular, na vertente infantil, cheia de ritmo e sentido lúdico:

O Senhor D. Gato

Estando o senhor D. Gato
Estando o senhor D. Gato
Sentado numa cadeira d´ouro.
Relhinhá-lhá-lhau
Relhinhá-lhá-lhau.

Sentado na cadeira d´ouro
Truuxeram-lhe a novidade
Trouxeram-lhe a novidade
Que havia de ser casado.
Relhinhá-lhá-lhau
Relhinhá-lhá-lhau.

Que havia de ser casado
O gato de tanto rir
O gato de tanto rir
Caiu da cadeira abaixo.
Relhinhá-lhá-lhau
Relhinhá-lhá-lhau.

Caiu da cadeira abaixo
E partiu uma costela
E partiu uma costela
E a pontinha do rabo.
Relhinhá-lhá-lhau
Relhinhá-lhá-lhau.

Quando o iam a enterrar
Quando o iam a enterrar
Lá para os lados do mercado
Relhinhá-lhá-lhau
Relhinhá-lhá-lhau.

Lá para os lados do mercado
Os gatos iam chorando
Os gatos iam chorando
Os gatos iam bailando.
Relhinhá-lhá-lhau
Relhinhá-lhá-lhau
Os gatos iam bailando.

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