António Tavares
Editorial
O objetivo primeiro de quem trabalha é, obviamente, ter recursos financeiros para viver. Mas há um segundo objetivo, que consiste em receber uma reforma, quando se deixar o mundo laboral.
Duas metas que em Portugal, nunca foram fáceis e são cada vez mais difíceis.
Os salários, como é do conhecimento geral, ficam muito aquém do que seria desejável, não se igualando sequer a outros que são auferidos noutros países da União Europeia.
Já quanto à reforma, para já é necessário trabalhar até aos 66 anos e cinco meses, mas, devido a questões de sustentabilidade do sistema de pensões, essa idade será cada vez mais elevada.
Um estudo recente encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, ao Instituto de Ciências Sociais, propõe que a idade de reforma seja aumentada três anos, em 2025. Quer isto dizer que caso essa recomendação seja seguida, daqui a pouco mais de meia dúzia de anos, quem se quiser reformar, sem penalizações, terá que ter 69 anos e cinco meses.
Ou seja, só muito perto dos 70 anos, é que os merecidos dia de descanso após uma vida de trabalho podem ser alcançados.
E é aí que se levantam outras questões, sendo lógico, questionar, por exemplo, se muitas pessoas ainda serão vivas, conseguindo alcançar a idade de reforma. E se o conseguem em que condições de saúde e com que qualidade de vida?
E de tudo isto surge a derradeira pergunta: será que no futuro haverá reformados, ou o descanso eterno chega antes do descanso terreno? Será esse o objetivo?