João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
COMEÇOU ESTA SEMANA A CAMPANHA PARA O PARLAMENTO EUROPEU. Como já vai sendo habitual nestas eleições, a participação vai ser reduzida, com o eleitorado mais jovem a ter valores residuais de participação. Isto acontece por vários motivos, uns mais válidos que outros. Porque se sente que o Parlamento Europeu está distante, não só fisicamente mas também nas políticas e nos debates que aí acontecem. Mas estas talvez venham a ser as mais importantes eleições que já se disputaram na Comunidade Europeia. Numa Europa dividida por blocos políticos que se chocam, estão em jogo os principais fundamentos da construção da Europa do pós-guerra como nós a conhecemos hoje. Convinha fazer lembrar aos mais jovens, aqueles a quem parecem menos interessar este tema, que foi a integração europeia que ajudou a concretizar uma paz duradoiro num espaço antes assolado por um nacionalismo exacerbado e extremismos políticos que conduziram a Europa à barbárie destruidora de duas guerras mundiais. E estas eleições são importantes porque parece vivermos uma época de recrudescimento de nacionalismos e de populismos assente no desencanto de muitos europeus alimentado por notícias falsas que cada vez mais parecem ser decisivas para a tomada de posição do eleitor. Por exemplo, para alimentar o sentimento anti imigrante, passa nas redes sociais um vídeo que diz mostrar o ataque de imigrantes muçulmanos a uma carrinha da polícia em Copenhaga, Dinamarca. Mas os incidentes mostrados aconteceram em Argel na Argélia. Obviamente esta estratégia, em plena crise migratória, pretende condicionar o eleitor, pelo medo e revolta anti muçulmana, dar votos aos partidos antieuropeistas de extrema direita, apostados em constituir no Parlamento Europeu um grupo de pressão que possa incomodar os grupos políticos tradicionais. E ele anda por aí… ele, Steve Bannon, é o principal responsável pela campanha que conduziu o Trump à Casa Branca e Bolsonaro ao Palácio da Alvorada em Brasília. E sendo exímio manipulador de informação através da criação de fake news ele está aí na Europa apostado em destruí-la nos seus fundamentos. Coisa para se levar mesmo a sério, de um homem da extrema direita que chega ao ponto de atacar o próprio Papa com notícias falsas, para dar força à ala mais conservadora da Igreja. Por isso eleitor consciente e responsável é aquele que procura a informação mais credível através dos meios de comunicação tradicionais. Desconfie das noticias massivamente partilhadas nas redes sociais. E faça como aquela mulher que ainda hoje de manhã ouvia na Antena1, na rubrica Portugueses no Mundo, dizer que vem de propósito da Holanda onde reside, para exercer aqui o seu direito e dever de voto. Um direito que custou muito a conquistar para se lançar assim para o lixo das inutilidades.
ESTA SEMANA NA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos assistiu-se a um dos momentos mais deprimentes da nossa democracia. A audição a Joe Berardo revelou-o um farsante. E lembrar que ainda não há muito tempo ele era bajulado pelo poder político instituído, que lhe deu até o título de comendador, na altura em que a revista Exame o dava como uma das dez maiores fortunas do país. Provavelmente continua, mas com o dinheiro dos outros. E a rir-se na nossa cara.