António Tavares
Editorial
A reforma, em Portugal, é um objetivo cada vez mais longínquo para quem passa uma vida inteira a trabalhar.
Atualmente, a idade para a reforma está nos 66 anos e cinco meses, mas, no futuro, poderá ir ainda muito mais além, podendo em 2070 chegar aos 69 ano e cinco meses, ou seja, quase 70 anos.
Esta é a conclusão que se pode retirar do último Boletim Económico do Banco de Portugal, no qual se pode ler que “admitindo a manutenção das regras em vigor, e recorrendo às projeções demográficas do Eurostat (EUROPOP2015), nomeadamente para a evolução dos ganhos de esperança média de vida aos 65 anos em Portugal, é possível projetar a tendência para a evolução futura da idade de passagem à reforma”.
O Boletim Económico avança mesmo que “com base nestas hipóteses, os cerca de cinco anos de vida de ganhos médios de longevidade projetados entre 2018 e 2070 traduzem-se num aumento da idade normal de reforma de três anos nesse horizonte”, daí, chegar-se aos 69 anos e cinco meses.
Ou seja, se estas previsões se concretizarem, lá para 2070, os Portugueses que chegarem à idade de reforma, certamente atingirão o merecido descanso, não como avós, mas já como bisavós! Algo que terá implicações a outros níveis, pois já não poderão ser um apoio aos netos, quando estes tiverem filhos, mas, quando muito aos bisnetos. Tudo isto, claro está, sem deixar de ter em consideração que a reforma, muitas vezes aproveitada para desfrutar um pouco da vida, já sem compromissos laborais, será praticamente uma miragem.