10 de julho de 2019

José Dias PIres
DE CIDADE EDUCATIVA A CIDADE EDUCADORA

Caminhar de cidade educativa para cidade educadora: são muitos os municípios que o pretendem mas poucos os que o conseguem.
Conseguem-no os que sabem que são as pessoas que fazem as cidades, que lhes enchem os espaços comunitários com sons, memórias, sonhos e que, para além disso, multidimensionam a sua vida, partilham entre si os projetos, as atividades e os espaços que lhes são disponibilizados, construindo lugares de pertença e de comunidade.
Crescem de cidades educativas a cidades educadoras as que procuram, e conseguem, dar expressão a tudo isso, perspeti-vando-o numa lógica de desejo e de futuro, de justiça social e de solidariedade, consensualizados no espaço democrático, po-tenciando-os enquanto momentos de aprendizagem intencionais e, como tal, racionalmente planificados.
A noção das cidades educadoras começa, cada vez mais, a ganhar expressão europeia na qual se privilegia uma visão cultural e relacional da cidade e na cidade, organizada em função do contributo dos seus cidadãos, responsabilizados em termos de participação social e de compromisso. Passam a identificar-se como espaço educador quando se organizam, deliberada e estrategicamente, no sentido de favorecer o processo de aprendizagem social e cultural permanente das pessoas que são e lhe dão alma e rosto.
Importa perceber que tal não pode nem deve querer cor-responder a tentativas de escolarização da vida social, porque é outra a relação entre a educação e o tempo humano que aqui está em causa. Cidades educadoras são aquelas que, a todos os níveis da sua organização e gestão, afirmam explicitamente uma inten-cionalidade pedagógica e estabelecem na relação com as escolas, os bairros e as associações uma corrente de interação humana capaz de dar sentido ao quotidiano das pessoas e, assim, influenciar positivamente as suas trajetórias de vida, os seus momentos diários e as recompensas que resultam desses momentos.
Estamos, assim, a falar de momentos, ações e projetos que ajudam a despertar crianças, jovens e adultos para a transcendência individual e para a importância da interação coletiva como nos aconteceu recentemente com a 4ª edição do Albiday que decorreu no passado de 1 de junho no Parque Urbano de Castelo Branco e voltou a proporcionar a toda a comunidade escolar (centenas de crianças e respetivas famílias) um dia cheio de atividades, convívio e muita animação, assinalando o encerramento do ano letivo a que juntou a comemoração do Dia da Criança.
Estamos a falar também de momentos que contribuam para o envolvimento e sensibilização dos mais jovens na construção da União Europeia e na manutenção dos seus valores, como aconteceu com a comemoração de o Dia da Europa na Eurorregião EUROACE (agrupamento integrado pelas regiões do Alentejo e Centro de Portugal e a Comunidade Autónoma da Extremadura, de Espanha) que decorreu em Castelo Branco no dia, 10 de maio, a partir de um espaço por todos os participantes reconhecido como inovador e relevante — a Fábrica da Criatividade.
Para o efeito, foram envolvidos cerca de 200 jovens, com idades compreendidas entre os 15 e 18 anos, provenientes de seis escolas das três regiões (Alentejo, Centro e Extremadura espanhola) e dois Conservatórios — Regional de Castelo Branco e Profissional de Música “García Matos”, de Plasencia.
Falamos de cidades que proporcionam aos seus jovens alunos o poderem concorrer extracomunitariamente com os seus trabalhos e (ou) propostas, como aconteceu com um grupo de alunos que frequenta o Agrupamento de Escolas Nuno Álvares, em Castelo Branco, (Leonardo Lourenço, Diogo Freire e João Ferreira) que, em representação da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) venceu a final regional da VI edição do “Concurso Regional de Ideias e Negócios nas Escolas”, com o projeto BioChattels que é uma ideia de negócio que consiste em executar produtos de valor acrescentado a partir da caruma.
Estamos a falar, por fim, de cidades que podem, com orgulho, dar os parabéns às suas instituições educativas, como agora faço à Escola Superior de Educação de Castelo Branco pelos seus 35 anos de funcionamento a formar profissionais da Educação Pré-Escolar, dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, da áreas do Secretariado, Tradução, Animação Sócio-Cultural, Serviço Social e Desporto e dos quais há um número muito considerável ao serviço da comunidade albicastrense e do concelho de Castelo Branco.
De cidade educativa a cidade educadora: São muitos os municípios que o pretendem mas poucos os que o conseguem.
Castelo Branco deve congratular-se: felizmente, pode orgulhar-se de ser conhecida e reconhecida, sem qualquer favor, como uma cidade educativa e educadora.

10/07/2019
 

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