Festival Y#15 apresenta espetáculos na cidade
O Festival Y#15 - Festival de Artes Performativas, organizado pela Quarta Parede, apresenta dois espetáculos no Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco.
Quarta-Feira: O tempo das cerejas estreou em junho, no Festival Alkantara 2018. No espetáculo de dia 25 de outurbo, às 21h30, “o cenário é um enorme buraco no meio de uma data de placas de gesso laminado, como se uma bola de ferro gigante tivesse caído num chão de pladur. Ao construir o espaço cénico com o mesmo material de construção usado em milhares de casas portuguesas, para logo de seguida começar a desconstruir, Cláudia Dias e Igor Gandra fazem alusão direta a tudo o que é varrido para baixo do tapete ocidental. Apesar de os bombardeamentos aéreos por parte de forças militares europeias serem hoje em dia facilmente visionáveis na Internet ou na televisão, a ligação entre os nossos lares e as crateras abertas por mísseis noutro lado qualquer não é tão visível assim. Este buraco negro no meio do Teatro Maria Matos alude a essa ligação causal. Não se trata apenas de mostrar a responsabilidade das sociais-democracias europeias nos massacres que estão a ocorrer agora no resto do Mundo. O olho negro no meio do chão é uma imagem de sinal negativo que nos revela o que está por fazer”.
Dia 30 de outubro, também a partir das 21h30, é a vez de L-O-V-E, de Paula Diogo/Má criação.
Em Fragmentos de um Discurso Amoroso, Roland Barthes isola oitenta figuras. Oitenta estruturas de linguagem que integram o discurso amoroso. Não se trata de palavras isoladas, mas rajadas abruptas de linguagem que assaltam o apaixonado. É o discurso amoroso em ação ou, nas palavras de Barthes, “é o apaixonado no trabalho”. L-O-V-E parte deste mapa-labirinto para arriscar uma configuração do discurso amoroso. Ou várias possíveis configurações que sucessivamente se destroem umas às outras. Tentativas e erros até à eventual destruição do discurso ou à latência no corpo. Ou ao silêncio. L-O-V-E tenta. Como Barthes, tenta fixar o esforçar do apaixonado na tentativa – inglória? – de fazer sentido. Ginástica discursiva.