Maria de Lurdes Gouveia Barata
COISAS DE NATAL
Montras repetidas de brinquedos e montras que chamam para a última moda do inverno – é tempo de prendas, é tempo de comércio, é tempo de gastar. As músicas natalícias passam pelas ruas que se iluminam mais, pelo Pai Natal dependurado de algumas varandas, pelo bulício do entra e sai das lojas, pelo que hei-de oferecer… A propósito de oferecer, da prenda, calcorreiam-se quilómetros de lojas, a publicidade clama por marcas… Ainda lembro o tempo, antes da última crise, em que os Bancos propagandeavam empréstimos para comprar prendas de Natal, o que sempre me escandalizou, pois as prendas dão-se à medida de posses de cada um e não são ostentação dum poder que não existe.
E poderes tiram luz ao Natal, os que o têm monetariamente e politicamente, poderes de repressão e de ganâncias pessoais a negar violência à vista, a negar que haja alterações climáticas, enquanto o Secretário Geral da ONU António Guterres fala do sonho da neutralidade carbónica em 2050, na crença na enorme onda de vontade de mudança, referindo embora a hipótese de um caminho de condenação para a humanidade. E retira-se Greta Thunberg das manifestações da Cimeira de Madrid por receio de ataque à sua vida. Essa adolescente de dezasseis anos terá sempre o mérito de ter sido um alerta de peso em defesa do planeta. Um homem do poder como Trump chama de embuste o que se diz das alterações climáticas. Outro? Bolsonaro. Estão na moda em afirmações polémicas, afirmações de ignorantes ou de cínicos. Entretanto, há grandes fogos na Austrália e fenómenos extremos de tempestade registam-se um pouco por todo o mundo.
Vem também a manipulação que o poder concretiza na boca de Edir Macedo, líder da IURD, que pediu que Deus remova os que se opõem a Bolsonaro – eis um exemplo de traição à palavra de um Deus de vida, transformando-o num Deus de morte e vingança, um Deus só para alguns, eliminando à partida o Menino Deus visitado por pastores numa cabana.
Castelo Branco enfeitou-se de troncos de árvores cheios de luz, a Avenida Nun’Álvares prima pela beleza, assim como o centro da cidade e o Natal Branco anima sobretudo a Avenida 1º de Maio, pais e filhos deambulando, faça sol ou faça chuva. Castelo Branco tem sido uma cidade privilegiada na atenção dada às efemérides, animando os albicastrenses e chamando muitas outras pessoas que aqui não habitam. E a luz anima pendentes cristalinos das árvores de Natal e faz cintilar muitas estrelas; mesmo que artificialmente fazem bem à alma.
Vão-se fazendo pedidos ao Pai Natal. Ou ao Menino Jesus. Eu prefiro ao Menino Jesus, que sempre o sonhei leve, ágil, omnipotente, muito rosado a descer pela chaminé e a encher-me o sapatinho de menina de presentes sonhados. Este ano já fiz o meu mais importante pedido ao Menino Jesus: que a projectada reestruturação do Instituto Politécnico de Castelo Branco não se concretize!