Edição nº 1622 - 22 de janeiro de 2020

FERNANDO RAPOSO APRESENTA CANDIDATURA À COMISSÃO POLÍTICA CONCELHIA DO PS
Combater “a perda contínua de credibilidade”

Fernando Raposo apresentou esta segunda-feira, 20 de janeiro, a sua candidatura à Comissão Política Concelhia do Partido Socialista (PS) de Castelo Branco, às eleições que se realizam dia 31 deste mês. Na sessão, que decorreu na sede do Partido, além da candidatura foi também apresentada a moção de orientação política intitulada Por um PS vivo, plural e credível, bem como a lista que tem como mandatário Valter Lemos.
Fernando Raposo começou por fazer agradecimentos, endereçando um “muito especial a todos os militantes que integram esta lista, porque o fazem de forma livre, consistente, sem serem coagidos” e realçou que “isto é muito importante”.
Avançou depois com os motivos que levaram à origem da lista, referindo que “já sou militante há muitos anos”, para realçar que em relação ao PS “invade-me um sentimento de desilusão, de tristeza, por termos vindo a assistir a uma perda contínua de credibilidade, de capacidade de influência, nos últimos anos, ao contrário daquilo que foi o projeto anterior, de credibilidade e de capacidade de influência, nas últimas décadas”. Capacidade que garante que “se traduziu no desenvolvimento do Concelho”, que “desenvolveu-se porque da parte do Partido, houve sempre uma disponibilidade para participar não só nas questões internas, mas também nas propostas de soluções para a resolução de problemas dos nossos concidadãos”.
Isto, para sublinhar que “nos mandatos anteriores, estou-me a referir a Joaquim Morão, esta capacidade de intervenção e de discussão interna, traduziu-se num bom desempenho, em termos gerais, ao nível autárquico. E digo-o porque estive na Assembleia Municipal desde a primeira hora e fui vereador no último mandato e no primeiro mandato do atual presidente e a minha perceção e a minha consciência é de que o Partido passou a ser uma antecâmara ou uma câmara de ressonância das decisões do senhor presidente, quer ao nível interno do Partido, quer ao nível das decisões em termos au-tárquicos”.
Motivos que o levam a considerar que “subverteu-se aquele que é o princípio do Partido”, que é “analisar, encontrar os melhores candidatos, encontrar as melhores soluções para a resolução dos problemas. E tudo se foi. A perceção que eu tenho, e é a minha convicção, daí a minha tristeza, é que o Partido se reduz hoje apenas a uma pessoa, o presidente da Câmara, o resto não existe. Tenho a profunda convicção que se o presidente da Câmara perdesse as eleições ou saísse o PS terminaria aqui, desintegrar-se-ia, porque os militantes, muitos deles estão afastados”.
Para Fernando Raposo “são estas algumas das razões que nos levam a refletir a repensar o Partido e a apresentar esta lista e eu a encabeçá-la. Queremos que os militantes voltem a participar na vida interna do Partido, que discutam os problemas que afetam a própria sociedade e a nossa comunidade em particular. Procurem participar nas soluções de forma a consensualizar as melhores soluções para a resolução dos problemas”.
E realça que “não basta dizer que se é socialista. Ser socialista é interiorizarmos os valores e os princípios fundadores do PS e quando temos oportunidade de exercer o poder, agir em conformidade com estes valores”, para concluir que “não é socialista quem quer, é socialista aquele que interioriza os valores e aquele que age no seu dia a dia implementando esses valores”.
Fernando Raposo avança também que “não queremos que os militantes, por razões de dependência, funcional ou de emprego, direta ou indiretamente da Câmara, sejam coagidos a tomar as suas decisões. O que estou a dizer é que por vezes os militantes, quando têm essa dependência, não se sentem livres, há uma espécie de autocensura induzida, porque o facto de podermos discutir de acordo com a nossa consciência é limitada”.
Esta posição serve de base para defender que “esta perda de credibilidade do Partido, sobretudo no Concelho, e também no Distrito, leva a que hoje não tenhamos a capacidade de influenciar quem tem o poder para olhar para a nossa Região, para o nosso concelho, para o nosso distrito, com a força e o interesse que se deveria” e acrescenta que “a própria possibilidade de perda de mandato do presidente da Câmara acaba por lhe restringir a própria liberdade de ação e a capacidade de influenciar quem tem poder para olhar para nós”.
O candidato vai ainda mais longe ao afirmar que “estou convencido que perdemos a capacidade de influenciar qualquer iniciativa no sentido de encontrarmos soluções para o desenvolvimento do território, porque a nossa influência se perdeu. Perdemos credibilidade e capacidade de influência” e, por isso, continua, “precisamos de um partido que olhe não só para o Concelho, mas para todo o território do Interior. Se não tivermos a capacidade de criar sinergias, de nos entendermos a nível regional, o Interior estará entregue a si próprio. Porque os problemas do Concelho de Idanha ou de Penamacor são os problemas do Concelho de Castelo Branco, do Fundão, da Covilhã. Não é por estarem mais perto da A23 ou por os outros estarem mais afastados, é porque é um problema real de assimetria entre o Interior e o Litoral e nós não temos tido lideranças capazes de influenciar e de contrariar esta tendência. E temos de ser nós que temos de ter lideranças fortes capazes de mobilizar todos os outros, aqui no Interior, para que nos unamos e encontremos soluções de lutar pelo Interior como um todo e não apenas por uma das partes”.
Fernando Raposo conclui que estas são umas eleições que “esperamos ganhar”, de modo a que “os militantes voltem ao Partido, voltem a participar na vida interna do Partido, colaborem com as suas propostas, as discutam, as consensualizem entre todos”.

Valter Lemos denuncia
“atuações muito pouco
próprias”
O mandatário, Valter Lemos, começou por realçar que “não tem sido fácil a apresentação da lista, porque, infelizmente, temos sido objeto de atuações muito pouco próprias, que tentam a todo o custo evitar que esta lista consume a sua finalidade, que é apresentar-se livre e democraticamente a eleições dentro da Concelhia do PS de Castelo Branco”.
Valter Lemos assegura que “têm sido criados vários incidentes para que esta lista não seja aceite para ir a eleições, isto é, evitar que a lista possa apresentar-se a eleições. O que em si mesmo já é um sinal claríssimo, de algumas das questões que o Fernando apontou. Problemas que temos neste momento de democraticidade, de pluralidade, necessidade das pessoas poderem participar livremente e ativamente naquilo que lhes diz respeito”.
A título de exemplo, recorda que a “Comissão Política Concelhia é constituída, atualmente, por 31 membros”, para adiantar que, “nas últimas eleições, os órgãos nacionais do PS, para facilitarem a apresentação de listas, até para aumentar a pluralidade e a democracia interna, para que se apresentassem mais listas para os órgãos, estabeleceu que já não é necessário listas com suplentes, bastaria listas com o número de efetivos correspondente ao órgão”.
Mas continua, “surpreendentemente, numa reunião um pouco, do que eu percebi, semissecreta, da Comissão Política Distrital, foi repentinamente alterado esse número para 39 membros, ao contrário daquilo que era o espírito dos órgãos nacionais. Foi aliás a única Comissão Política Concelhia que alterou o número de membros”.
Perante isso, a lista de que é mandatário, apresentou “um recurso desta decisão à Comissão de Jurisdição Distrital, porque a Comissão Política da Federação que reuniu não tinha quórum. Deliberou com um número de membros que não reunia quórum. O Conselho de Jurisdição disse, de uma forma simples, que essa reunião não existiu. Não houve quórum, a reunião não existiu”.
Avança, no entanto, que “ainda assim a nossa primeira lista apresentada com os 31 elementos não foi aceite, porque foi dito que a decisão da Comissão de Jurisdição não contava”. O que classifica como “uma interpretação absolutamente bizarra e da qual naturalmente recorremos”, concluindo que “diz bem, infelizmente, da atitude que está por detrás de não querer aceitar a lista”.
Valter Lemos destaca também que “sou presidente da Mesa da Assembleia da Concelhia de Castelo Branco e, em princípio, em termos regulamentares, as candidaturas deveriam entregues a este presidente da Mesa, ou seja, a mim. Como eu era mandatário de uma lista, disse ao outro cabeça de lista que não me parecia correto que eu apresentasse uma lista a mim próprio e que verificasse a legalidade dessa lista. Estava a pronunciar-me sobre um assunto sobre o qual tenho direto interesse”.
Por esse motivo, “apresentámos a lista ao Secretariado da Federação, que deliberou não a aceitar”, denunciando que “extraordinariamente, a decisão é assinada por membros que são elementos da outra lista, incluindo o mandatário. O mandatário da outra lista assina a decisão de rejeição desta lista, fazendo rigorosamente o inverso daquilo que lhe competia fazer, que era não participar nessa decisão”.
O mandatário afirma que “isto junta-se a uma série de incidentes processuais lamentáveis, de assédio sobre membros da lista que acho indignos de um partido político”.
Perante tudo isto adianta que “temos uma situação processual em curso, litigiosa, diremos assim, face a estas circunstâncias em que extraordinariamente, em que aparentemente o órgão que tem estado a decidir é composto por elementos de uma lista adversária, que devia no mínimo da decência afastar-se”.
De qualquer modo, o mandatário realça que “nós damos a garantia que vamos a eleições. Iremos utilizar todos os instrumentos legais, regulamentares, estatutários, políticos disponíveis de forma legal e decente, para garantirmos que vamos a eleições”e de-fende que “é isso que importa garantir, que as pessoas têm a liberdade de se candidatar e de votar em quem entenderem. A liberdade de se poderem exprimir de forma aberta”.
No final ficou ainda um “convite ao candidato da outra lista, para fazermos um debate interno, entre listas, aberto à Comunicação Social”.
António Tavares

22/01/2020
 

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