João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
DEPOIS DO PSD, foi a vez do outro partido da oposição de direita ao governo de António Costa resolver os seus problemas de liderança. Mas ao contrário dos sociais-democratas que escolheram uma via mais moderada e dialogante, excluindo um radicalizado Luís Montenegro que representaria também o regresso do passismo, os democrata-cristãos escolheram Francisco Rodrigues dos Santos, mais conhecido por Chicão, e que aos 31 anos aparece como líder da nova direita, conservadora, que não se importa de se assumir como de direita, pura e dura. Talvez se afaste, mesmo que de forma não assumida, do PSD para tentar conquistar o território eleitoral que agora é ocupado pelo Chega e pela Iniciativa Liberal. Se se duvida desta tendência ideológica veja-se a forma como a nova direção não se distanciou, veio mesmo defender, o seu militante e novo membro da direção Abel Matos Santos, pelas suas ideias publicadas nas redes sociais ou ditas aos microfones e que deveriam envergonhar um partido que se quer de democracia cristã. E não foram expressas há tanto tempo como o novo CDS quer fazer crer. O caminho deste CDS só agora começou, mas entre crise financeira, maus resultados eleitorais que resultaram numa menor representatividade parlamentar, agravada pelo facto dos deputados eleitos não serem da sua linha, não se augura coisa boa para o jovem Chicão. Nem augura coisa boa para um partido que teve a liderá-lo grandes figuras intelectuais da democracia como Adriano Moreira e Freitas do Amaral. A terminar lembro só o retrocesso que representa para a qualidade democrática do partido a constatação de não haver qualquer mulher entre os seus sete vice-presidentes e apenas seis entre os 59 membros da Comissão Política Nacional. Ninguém no congresso pareceu importar-se com este pormenor e Chicão anunciou no discurso de vitória que quer construir um partido sexy.
O GOVERNO APRESENTOU nesta segunda-feira um novo programa de incentivos à fixação de pessoas no Interior. Trabalhar no Interior é um programa que entre outras medidas, inclui uma emblemática como é a de conceder apoio até 4827 euros aos trabalhadores que optem por mudar para o interior. O programa que junta quatro ministérios passará também por medidas como incentivos às empresas na contratação de desempregados e por uma redução para visitantes e moradores nas portagens das autoestradas que servem estas regiões. A começar já em março, o conjunto vasto de medidas aponta para o caminho certo na valorização das regiões de baixa densidade. Veremos se a implementação no terreno traz os resultados esperados e se é mesmo um passo importante na construção da coesão territorial.