João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
SEMANA PASSADA O PORTUGAL FUTEBOLÍSTICO entrou em depressão profunda. Ver as quatro equipas portuguesas ainda presentes na Liga Europa, que a dos Campeões já há muito tempo se fora, na liga dos pobrezinhos serem todas inapelavelmente serem lançadas borda fora foi de mais. Foi mesmo demais. Tanto bastou para que o país entrasse numa depressão , passando de bestiais a bestas num instante, como aliás é corrente no futebol. Nos dias seguintes em tudo o que foi fórum radiofónico, em painéis de discussão televisivos, com os três canais de notícias, transformados em muro das lamentações, a rivalizarem entre si no número de horas dedicadas ao desastre, só não foi mais por causa do outro assunto do momento. E num ápice passamos dos melhores da Europa no pontapé da bola para a irrelevância das equipas dos países pequenos e periféricos. E assim descobrimos que no que respeita ao futebol já lá vão os tempos de glória de equipas como o Benfica e Porto e que temos de extrair desta situação que não era vivida há já quarenta anos os ensinamentos e procurar explicações. Primeiro, a constatação de que o futebol é mesmo para ser jogado nas quatro linhas e não em programas intermináveis de televisão onde a violência verbal em altos decibéis é a regra. Depois temos as famosas claques, quase sempre grupos que parecem mais motivados para aquilo que sabem fazer melhor, arruaças, insultos e negócios ilícitos do que para apoiar em ambiente de festa a equipa do coração. E os dirigentes que não querem, ou não lhes interessa ver as raízes do mal e insistem em os apoiar e integrar como privilegiados nos espetáculos desportivos, parecendo preferi-los às famílias que cada vez mais pensam duas vezes em assistir a jogos que a própria polícia qualifica de alto risco. Seria bom que os responsáveis desportivos assumissem de uma vez por todas que tudo aquilo que torne mais saudável e pacífico o ambiente nos recintos desportivos vai dar frutos no futuro. E com tudo isto, esquecem-se os atores principais que entre insultos, aplausos e assobios lá vão mostrando a sua arte. Mas o que vemos são atores cada vez menores, de refugo, com os intermediários a fazerem negócios difíceis de explicar, e os clubes a rezarem para que cada ano apareça um puto da formação a dar nas vistas para poder ser vendido aos tubarões estrangeiros. Que o importante é fazer negócio, o espetáculo vem por acréscimo. E assim se vão vendendo os anéis de diamante que brilham lá fora enquanto aqui vamos tendo uma campeonato cada vez menos competitivo, reflexo de uma crise mais que conjuntural, será estrutural.
COMO SE PREVIA, O CORONAVÍRUS, rebatizado de Covid-19, continua em franca progressão, já disseminado por vários continentes. Temos as questões de saúde, com uma taxa de mortalidade baixa, pouco mais de dois por cento, mas a facilidade de propagação e a desinformação a lançarem o pânico entre as populações, especialmente urbanas. Em Castelo Branco, por exemplo, foi a corrida às máscaras cirúrgicas que até deve ser apenas usada por quem já está infetado. E temos as questões económicas com todas as entidades a preverem um sério risco de crise económica mundial. Em Portugal o setor turístico que tem sido a nossa galinha dos ovos de oiro, poderá ser o mais afetado. Muitos prejuízos e risco elevado de desemprego, é o que se perfila no horizonte. Pois é, estamos num ano bissexto...