Edição nº 1632 - 1 de abril de 2020

Hugo Oliveira Ribeiro
UMA PANDEMIA, COMO UMA GUERRA, GANHA-SE TAMBÉM PELA COMUNICAÇÃO

A antropóloga Margaret Mead disse que o primeiro sinal de civilização numa cultura antiga era um fémur partido e cicatrizado. Porque no reino animal, selvagem, partir uma perna é morrer.
Um fémur partido que cicatrizou prova que alguém ficou com quem caiu, tratou da ferida, levou a pessoa para lugar seguro e cuidou dela até à recuperação. “Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa”, disse Mead.
É verdade: como seres humanos, como sociedade, estamos no nosso melhor quando estamos com quem precisa.
Comunicar boa informação é vencer mais depressa a guerra.
Com a pandemia do novo coronavírus, Portugal enfrenta neste momento um desafio que no espaço de dias deu uma volta completa às nossas vidas, deixando-nos, a cada um individualmente e como sociedade, vulnerável perante a ameaça e o desconhecido.
Sabemos porém que no terreno as autarquias estão a fazer os possíveis e os impossíveis para atender, esclarecer, resolver, dar a mão e a palavra certa de determinação e solidariedade. Estão lá, junto das pessoas, a servi-las nesta crise como ninguém viu que não tenha vivido uma guerra mundial.
Sabemos também que, se há momento em que a informação tem de ser comunicada de forma clara e eficaz, é este. Porque a desinformação pode fazer vítimas. Porque saber organizar e transmitir boa informação – incluindo as regras, as instruções e os esclarecimentos necessários a cada instante – é decisivo nesta guerra. Nunca a comunicação interna, para dentro das instituições e para a comunidade, foi tão crítica, agora que há decisões de vida ou morte.
Ao lado de quem dá apoio.
Como acontece diariamente, nos dias bons e nos dias maus, também nesta fase de incerteza e medo os profissionais da comunicação, como é o meu caso, devem estar – mais ainda agora – ao lado dos municípios, das equipas empenhadas no apoio a uma comunidade subitamente ‘sem chão’.
As pessoas contam com os seus representantes ao nível local e estes, subitamente a braços com uma situação de emergência coletiva, contam com os profissionais, nesta batalha, também informativa e comunicacional, que nem Portugal nem as suas regiões podem perder. Só assim vão acontecer, mais rapidamente, os resultados que queremos.
Mais tarde, quando todos juntos vencermos o Covid-19 e a missão for já a de recuperar a economia e reconstruir o futuro das regiões, cá estaremos de novo, como é a nossa obrigação e a nossa vocação, junto de quem faz e quer fazer, no apoio à projeção da esperança para dentro e para fora dos territórios também.
“Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa”. E, dizemos nós, contribuir para alguém recuperar da dificuldade é quando a civilização floresce.

01/04/2020
 

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