Alfredo da Silva Correia
A HUMANIDADE EM AUTODESTRUIÇÃO?
Face às envolventes económicas, sociais, políticas e às alterações climáticas, cresce o número daqueles que temem que a humanidade se encaminha para o abismo. De facto, muitos dos mais atentos já sentem sinais de que algo no nosso planeta não está bem, pois não é difícil sentir uma certa conflitualidade entre povos, com especial realce para os de religião diferente, como se sente que o homem domina a técnica de tal forma que pode, a partir de um mero botão, criar mecanismos fortemente destrutivos.
Mas, os sinais não se ficam apenas pelo receio de uma possível catástrofe provocada pelo homem, até porque sobre este aspecto, esperamos que haja bom senso e ninguém, mesmo ninguém, cometa o enorme erro de disparar a primeira bomba atómica, pois não é difícil de concluir que, no dia em que tal acontecesse, a resposta acabaria por se transformar numa catástrofe da humanidade, pelo que esta consciência e o receio do que tal representaria, não pode deixar de levar a que nunca aconteça, como todos esperamos.
Não obstante, há outros sinais que se tornam cada vez mais evidentes de que a natureza se está a revoltar, a partir do modo de vida actual do homem, sinais que se tornam mais evidentes à medida que este melhora o seu nível de vida, a partir do desenvolvimento da técnica e da ciência. Entre estes sinais muito se tem escrito e dito sobre o aumento da temperatura e as consequências do mesmo sobre os glaciares, ao ponto de se afirmar que o nível dos mares vai aumentar e conduzir até à submersão de muitas cidades construídas à beira mar, destruindo-as. É uma consequência do aumento da temperatura, mas há muitas outras já evidentes como, por exemplo, o desaparecimento de inúmeras espécies de animais e mesmo vegetais, para além do COVID -19 cujas consequências serão bem nefastas para humanidade mesmo em termos económicos.
Efectivamente passou a ser normal, depararmos com notícias sobre a extinção de espécies, ou mesmo, sobre a sua forte redução, o que não se pode deixar de dever às alterações do meio ambiente em que viviam. Eventualmente menos humidade falta de água, ataque por via de pesticidas e mesmo temperaturas desajustadas às suas características de vida. Enfim, são factos que se tornam cada vez mais evidentes e dos quais não se pode deixar de tirar a leitura de, se o próprio homem, não estará também já a sofrer com as alterações referidas e oferecidas hoje pelo planeta terra, depois das transformações climáticas ocorridas, que se teme prossigam em deterioração.
Sabemos que apesar destas consequências a esperança de vida do homem tem aumentado progressivamente ao longo das últimas décadas, devido à evolução da técnica e ciência e ao melhor nível de vida de que o homem hoje usufrui. Não obstante, começa já a haver sinais de que tal se pode estar a inverter, na medida em que o aumento da esperança de vida está a acontecer com aqueles que nasceram e foram criados num ambiente e alimentação sãos e que beneficiaram também do avanço da técnica e da ciência médica. Os que nasceram mais recentemente, já nascem num ambiente mais deteriorado, pelo que apenas poderão contar com os benefícios científicos. Assim sendo já há, como eu, quem se interrogue se a esperança de vida vai continuar a aumentar, obviamente em termos médios, ou senão começou já a sua inversão.
Um outro flagelo que nos dá sinais de que as condições ambientais se estão a transformar e a ser mais madrastas para a humanidade é o nível de incêndios que grassa por esse mundo fora, incêndios que são apagados com água, que é cada vez mais escassa, pelo que se não houver uma inversão das condições climáticas, até podemos vir a deparar com incêndios em locais nos quais não há água próxima para os apagar, com consequências imprevisíveis.
Enfim, são evidências que hoje podemos observar e muitos já temem, embora o homem como ser racional que é não deixará, assim o esperamos, de tomar as medidas necessárias para a inversão da deterioração do ambiente no qual vive. Esperamos que sim, uma vez que se nada for feito, as observações referidas, poderão conduzir a que os nossos netos não tenham condições de vida. Será que não começou já o processo de autodestruição da humanidade?