António Tavares
Editorial
O próximo sábado é dia de comemorar o 46º aniversário do 25 de Abril. É o dia de comemorar a democracia e a liberdade, mas de uma forma diferente.
Claro está que não haverá as habituações comemorações um pouco por todo o País, para evitar a concentração de pessoas. Mas, e mais importante, este ano a liberdade estará limitada. Embora por motivos de interesse para todos, devido à pandemia de COVID-19, este ano todos estaremos presos em casa, pois o isolamento social a isso obriga. Ou seja, nos 46 anos do 25 de Abril estaremos a comemorar a liberdade como prisioneiros de um vírus que veio transformar, por completo, a vida do dia a dia. Alteração que, vistas bem as coisas, nos faz valorizar a liberdade. Uma questão ainda mais premente para os mais novos que, nascidos num Portugal democrático, não conheceram a realidade de viver numa ditadura. São esses jovens que, agora, se veem confrontados com o que é estarem privados de uma liberdade plena, apesar de não estarem em nenhuma prisão. É, no entanto, um aprisionamento, apesar de não ser tão duro como o de uma sala com grades, mas, mesmo assim, é de realçar que ajuda qualquer um a dar outro valor à liberdade plena.
Seja como for, sábado é dia de cravos vermelhos, é dia de comemorar a revolução de 1974 e de nos preparamos para uma nova revolução, que é a de superar um momento difícil que muitos nunca pensaram ser possível e, sem margem para qualquer dúvida, ninguém deseja.