EM SÃO MIGUEL DE ACHA, IDANHA-A-NOVA
Acolhimento de 15 cidadãos Romenos gera “profunda indignação”
O acolhimento de um grupo de 15 trabalhadores Romenos numa unidade de alojamento em São Miguel de Acha, no Concelho de Idanha-a-Nova, surpreendeu a autarquia Idanhense, que não poupa criticas à forma como decorreu o processo.
Entretanto, os cidadãos Romenos, que chegaram a São Miguel de Acha na noite da passada quinta-feira, 30 de abril, no passado sábado, 2 de maio, já foram transportados para o Aeroporto de Lisboa, de onde seguiram para o seu país.
Refira-se que os 15 cidadãos Romenos chegaram a São Miguel de Acha oriundos de Castro Marim, com a autarquia algarvia a adiantar que “o grupo teria chegado ao Aeroporto de Lisboa no sábado (25 de Abril) e, depois de ter sido impedido de passar a fronteira em Caia e na Ponte Internacional de Castro Marim, chegaram à vila a pé, onde, por razões humanitárias, foram acolhidos por esta autarquia”.
É também adiantado que “certificando-se da realização de testes ao COVID-19, todos com resultado negativo, o Município de Castro Marim acolheu o grupo de trabalhadores no Pavilhão Municipal desde terça-feira (28 de abril), tendo sido providenciada dormida, alimentação e as condições de higiene necessárias à sua permanência”.
A Câmara de Castro Marim avança ainda que “apesar da tentativa autárquica de resolver a situação com Espanha, a rigidez do acordo da fronteira, que permite apenas a circulação de mercadorias e trabalhadores transfronteiriços, não foi ultrapassada”, pelo que “foram depois encetados todos os esforços junto de outros organismos estatais, mas o Município de Castro Marim só conseguiu resposta da Embaixada da Roménia, que assegurou o acolhimento do grupo em Castelo Branco, local para onde partiram no final desta tarde (30 de abril) em transporte cedido pela autarquia”.
Perante o sucedido a Câmara de Idanha-a-Nova revela, em comunicado, “a sua profunda indignação com a forma como foi desenvolvido o processo de deslocação de 15 cidadãos Romenos de Castro Marim para o Concelho de Idanha-a-Nova”.
A autarquia avança que os cidadãos Romenos “chegaram no final da noite de quinta-feira, 30 de abril, sem articulação prévia com a nossa autarquia, e já foram este sábado, 2 de maio, transportados para o Aeroporto de Lisboa, em articulação com a Embaixada da Roménia em Portugal, tendo a sua presença neste concelho causado alarme social”.
É realçado que “a bem da verdade, importa esclarecer que o processo foi conduzido por três entidades. A Câmara Municipal de Castro Marim, a Embaixada da Roménia em Portugal e a Associação Romena de Aldeia de Santa Margarida. Estas três entidades articularam, entre si, a deslocação de 15 cidadãos Romenos de Castro Marim para uma unidade de alojamento de São Miguel de Acha, sem comunicar previamente o facto à Câmara Municipal de Idanha-a-Nova ou à Junta de Freguesia de São Miguel de Acha, uma atitude que revela falta de respeito institucional e desconsideração pela saúde da comunidade Idanhense”.
Acrescenta que “o facto de não terem comunicado previamente da chegada destes cidadãos, não estando em causa a sua nacionalidade, inviabilizou a resposta atempada e articulada entre as entidades locais, como deveria ter acontecido, nomeadamente o cumprimento das regras de isolamento social, destinadas a todos os que chegam ao nosso concelho, vindos de outras partes do País ou do Mundo”.
A Câmara de Idanha-a-Nova assegura que “compreende, por isso, a indignação e a inquietação da nossa população, que tem feito um grande esforço cívico para cumprir as normas de segurança e respeitado com sacrifício a distância dos seus entes queridos”.
No comunicado é adiantado que “a Câmara de Idanha-a-Nova, em articulação com a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Junta de Freguesia de São Miguel de Acha, tomou de imediato diligências, no sentido de salvaguardar a saúde da nossa população e dar uma resposta humanitária adequada aos 15 cidadãos Romenos”.
Assim, “após a realização de testes de despiste de COVID-19, feitos hoje, 2 de maio, em São Miguel de Acha, que deram negativo, os 15 cidadãos Romenos foram já transportados para o Aeroporto de Lisboa, por indicação e em articulação com a Embaixada da Roménia em Portugal, num autocarro do Município de Idanha-a-Nova, estando já a caminho do seu país”.
A Câmara de Idanha-a-Nova sublinha que “considera que a solução encontrada, em tempo recorde, deu a melhor resposta possível a esta situação que poderia ter sido pacífica, se devidamente articulada entre todas as partes”.
António Tavares