Alfredo da Silva Correia
EVOLUÇÃO DA DEMOGRAFIA (A PESTE BRANCA)
Depois de ter tratado um dos problemas que, na minha opinião, pode afectar a vida no nosso planeta, obrigando a grandes esforços de adaptação, como é o das alterações climáticas, que se vêm verificando ao longo das últimas décadas este ano, conjunturalmente amenizadas com o problema do COVID 19, passo a tratar de um outro problema que também nos deve preocupar quanto ao nosso futuro, que é o da evolução da demografia, que vai exigir grandes esforços de adaptação.
De facto, a evolução desta dá-nos sinais, dos quais podem resultar preocupações, quer a nível mundial quer, para nós, sobretudo nacional. Diz-se que o número de habitantes a nível mundial se encaminha rapidamente para os 10 mil milhões de habitantes, quando hoje somos cerca de 7,3, sendo uma análise que na minha opinião resulta de estatísticas passadas.
Hoje, contudo, também não se pode deixar de ter em conta que já há quem compare as baixas taxas de natalidade verificadas em vários países desenvolvidos a uma peste branca, em comparação com a peste negra do passado século 14, o que não pode deixar de ter o seu significado na matéria em apreço.
Embora tenhamos de reconhecer que ainda há regiões do planeta com altas taxas de natalidade, outras há que sofrem fortes reduções ao ponto de não haver nelas a desejável reposição das populações, começando tal a ser um problema preocupante para o futuro das mesmas.
Reconheço que a taxa de natalidade cresce fortemente nos povos subdesenvolvidos, mas não me escapa o facto de à medida que se desenvolvem em termos económicos se opera, quase de imediato, uma inversão, começando por estabilizar, para regredir depois.
Recordo que o primeiro povo em que a redução da taxa de natalidade levou os sinos a tocar a rebate foi o Japonês. De facto há já cerca de 25 anos, no Japão, a taxa de natalidade decresceu de uma forma tão acentuada que, na altura, houve quem se preocupasse com tal quebra, o que aconteceu quando a referida taxa atingiu os 1,55 filhos por mulher, exigindo a reposição como é sabido, uma taxa de cerca de 2,1.
Assim, se apreciarmos a evolução da taxa de natalidade dos países desenvolvidos não nos é difícil concluir que já não atingem a taxa de reposição, pelo que nestes, o número de habitantes já não aumenta e até reduz fortemente, por vezes. Recordo-me deste problema ser já muito grave na Alemanha, ainda antes da queda do muro de Berlim, tendo-me na altura sido afirmado em viagem que fiz a este país, que não tardaria muito e o mesmo apenas teria cerca de 40 milhões de habitantes. Este problema, neste país, sofreu alguma inversão com a queda do referido muro e a incorporação nele da Alemanha do Leste, mas hoje volta a ser novamente uma preocupação dos responsáveis alemães, como deveria ser do dos portugueses, pelo que acontece no nosso país na matéria em apreço.
Desta forma não nos deve ser difícil concluir que nos países emergentes como é o caso da China e mesmo Índia, entre muitos outros, à medida que se vão desenvolvendo economicamente, o crescimento da taxa de natalidade estagna e em alguns casos, começa mesmo a declinar, o que me leva a acreditar que jamais a humanidade vai atingir os 10 mil milhões de pessoas, o que até pode não ser negativo, uma vez que os recursos do planeta não são ilimitados e sê-lo-ão menos com o processo das alterações climáticas em curso.
Não obstante, sem dúvida que tal inversão, quando demasiado intensa gera problemas aos povos atingidos, como está já a acontecer com alguns países do sul da Europa, entre os quais se encontra o nosso.
Enfim são leituras, ou realidades, que não podem deixar de ser consideradas pelos responsáveis políticos, que infelizmente gerem apenas o curto prazo sem uma visão do futuro, pois vão obrigar a um enorme esforço de adaptação, já que terão consequências não muito agradáveis nestes países, nas próximas décadas. É verdade que o fenómeno da imigração em alguns destes países minimiza o problema, embora crie outros.
Poderemos interrogar-nos das causas que conduzem à forte redução da taxa de natalidade, quando os povos se desenvolvem. Quanto a mim, tal deve-se ao facto da vida ser concebida de forma tal, que deixou de ser desempenhado o velho papel de mãe de família. Não obstante, prevejo que um dia, face ao processo de robotização que se aproxima volte tal papel a ser desempenhado e a taxa de natalidade volte a crescer. A robotização vai a prazo, acabar por minimizar o esforço que o homem hoje desenvolve com a produção, libertando-o para outras tarefas, entre as quais, prevejo, as funções de mãe de família volte a ter peso.
São visões que serão, ou não, confirmadas por quem cá estiver daqui, a não muitas décadas.