Edição nº 1640 - 27 de maio de 2020

Alfredo da Silva Correia
QUEDA PROGRESSIVA DA POPULAÇÃO (ADAPTEMO-NOS)

O futuro do povo português, segundo a minha opinião, ainda vai ser, a prazo, mais negativamente influenciado pela queda progressiva da taxa de natalidade, do que pelo enorme endividamento que atingimos embora este, um dia, nos crie problemas nada fáceis de resolver. São poucos os que têm já consciência deste grave problema, talvez porque, havendo uma tendência de décadas a esta realidade, só durante os dois últimos anos se verificou alguma redução da população. Há estatísticas precisas e até previsões sobre esta matéria, mas talvez os grandes números, ainda que sem grande precisão, nos levem a compreender melhor a situação.
Sobre este aspecto começo por referir que hoje somos cerca de 10,3 milhões de portugueses a viver em Portugal, mas em 1900 éramos apenas cerca de 5,5 milhões e como hoje nascem por ano, apenas à volta de 84.000 crianças no nosso país, sem contar com o fenómeno migratório, daqui a 70 anos, a idade média de esperança de vida, seremos só cerca de 6 milhões.
É sabido que já chegou o momento do número de portugueses no nosso país, ter entrado em queda, o que se vai acentuar proximamente, pois há 20 anos a taxa de natalidade já rondava apenas os 1,5 filhos por mulher, quando a reposição se consegue com 2,1 e hoje a taxa de natalidade só já é de cerca de 1,2 filhos.
Desta forma estamos condenados a uma redução progressiva acentuada da população portuguesa, para o que temos que nos adaptar, até porque em regiões do interior, como a nossa, tal fenómeno ainda é mais grave, do que a da média do país, pois há zonas em que a taxa de natalidade já ronda apenas os 0,8 filhos por mulher.
Sobre este aspecto recordo de há dias ter lido algo sobre a quantidade de crianças nascidas nos hospitais de Castelo Branco e Covilhã e ter concluído que em 2019, tinham nascido cerca de 780, pelo que daqui a setenta anos a população do distrito rondará apenas os 55.000 habitantes, admitindo que, por hipótese, possam ser 100.000 pois, haverá quem nasça fora destes hospitais.
Se considerarmos que em 1960 o distrito tinha uma população de cerca de 300.000 habitantes não podemos deixar de concluir estar perante um enorme problema, que vai ao longo das próximas décadas obrigar a um enorme esforço de adaptação a uma realidade bem diferente daquela em que vivemos durante o último centenário.
De facto para inverter estas previsões teria que ocorrer um dos seguintes factos: o primeiro seria a do fenómeno migratório não resolver o problema da falta de pessoas no nosso território e o segundo seria a de o resolver, vindo pessoas de outros continentes que resolvam o problema da falta de nascimentos no nosso país. Acontece que este fe-nómeno é comum a quase todos os países da Europa, embora em alguns mais grave do que noutros, estando o nosso país no grupo daqueles em que tal problema é mais grave, razão pela qual acreditar que o fenómeno migratório o resolverá não é fácil, podendo contudo minimizá-lo.
Como cada uma destas soluções exigirá esforços de adaptação diferentes e têm inúmeras consequências, deixo esta problemática para tratamento em próximo artigo, reconhecendo no entanto, não ser um problema fácil, embora admita que há aqueles que pensam que tal evolução nos é favorável, tendo em conta as cada vez mais adversas e imprevisíveis condições de vida no nosso planeta.
São problemas que não são hoje equacionados com a profundidade que os mesmos requerem, nem pelos analistas das envolventes socioeconómicas a nível mundial e muito menos pelos nossos políticos, pois têm uma visão apenas de curto prazo, pouco se preocupando com o futuro. De facto, sinto que muitas das medidas que hoje são tomadas, ao não considerarem devidamente esta problemática, acabarão ainda por ter reflexos mais negativos, na qualidade de vida de quem cá estiver no futuro. Gerir sem se considerar as envolventes previsíveis deste é um erro ainda maior do que não se considerar os ensinamentos da história.
Previsões resultantes de reflexões que poderão, por qualquer razão hoje impensável, não se virem a confirmar, mas que há grandes probabilidades de acontecerem, isso não tenho qualquer dúvida. Vamos ver…

27/05/2020
 

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