Edição nº 1652 - 19 de agosto de 2020

Alfredo da Silva Correia
MANDATO INTERROMPIDO E DISTINÇÃO RECENTE DO CONCELHO DE CASTELO BRANCO

Não pretendo escrever mais sobre o processo de perda de mandato a que o meu concelho esteve sujeito recentemente, ainda que muito revoltado com tamanha INJUSTIÇA. De facto, já há quem diga que, nas actuais envolventes políticas, pessoas muito honestas não têm hoje espaço no sistema político, o que revela bem o grande problema que hoje se vive no sistema democrático. Apesar de tudo, no âmbito dos artigos que escrevi sobre o facto de sentir que a democracia vive hoje, pelo mundo fora, um processo de autodestruição o que muito lamento, não posso deixar de referir um facto construtivo porque sinto que se houvesse muitos como este, estar-se-ia a contribuir fortemente para a minimização dos receios da autodestruição da democracia.
Efectivamente, devo referir que me senti muito confortável, quando li nos órgãos de comunicação social a forma muito correcta, como decorreu a transição de presidentes pela perda de mandato verificada no meu concelho.
De facto, considerei muito construtivo o novo presidente ter, em conferência de imprensa, informado que iria seguir o guião de Correia afirmando, inclusivamente, que apesar deste, não ter intervenção, iria continuar a influenciar o futuro do concelho, o que não pode, sem dúvida alguma, deixar de ter o seu forte significado, contribuindo também desta forma para que a democracia se credibilize, ao procurar minimizar os prejuízos sofridos com tal processo INJUSTO de perda de mandato.
Sendo um óptimo contributo para o alcance de tal objectivo, também se compreende tal, porque logo a seguir foi publicada a notícia de que o concelho de Castelo Branco acaba de ser distinguido, através da LISBON Awards Group, com quatro distinções no “Prémio Autarquia do Ano” 2019/2020, informando ainda, que o mesmo surge entre as autarquias portuguesas que mais prémios de autarquia obteve, nas áreas de:
1- Desporto e vida saudável: Apoio às boas práticas de nutrição, através da Quinta do Chinco;
2- Economia – Empreendedorismo e Sturtaps, pelo Inovcluster- Associação do Clustar Agroindustrial do Centro;
3- Economia, Inovação e Tecnologia, pelo ambiente e trabalho desenvolvido na própria cidade;
4- Internacionalização de Empresas, também pelo Inovcluster.
Informa mesmo que nestas últimas três categorias conquistou até o Grande Prémio em disputa, o que não pode deixar de significar que o concelho tem sido bem gerido, tornando ainda a INJUSTIÇA cometida mais irracional.
Hoje infelizmente todos sabemos que não é fácil encontrar bons gestores e quando se encontram e se deitam pela porta fora, apenas por um mero erro administrativo, não podemos deixar de concluir que estamos a ser uns tolos e a contribuir para que a própria democracia se enfraqueça, ainda mais.
De facto, todos sabemos que um dos pontos fracos da democracia é o da falta de estabilidade na gestão, do que resulta que as estruturas estatais estão sempre em mudança, obrigando os geridos e os governados a terem que se adaptar a novas culturas e a nova legislação, o que nos retira competitividade, neste mundo de economia global em que ser-se competitivo é cada vez mais fundamental.
Aliás, no nosso país no qual a instabilidade governativa, ao longo das últimas décadas tem infelizmente sido uma realidade, esta tem contribuído fortemente para que sejamos pouco competitivos do que tem resultado, crescimentos muito irrisórios do PIB (Produto Interno Bruto), durante este século, pois eu sou dos que acredito que o nosso povo quando bem conduzido é capaz de grandes feitos.
Esta situação, se não é nada construtiva, em tempos normais, é ainda mais grave quando surgem dificuldades imprevistas como aquelas que estamos a viver, com a pandemia. De facto é previsível que venhamos a ser confrontados com alterações profundas no nosso modo de vida, sendo fundamental que, para nos adaptarmos às mesmas, seja necessário conduzir o país para profundas alterações legislativas, a fim de que sejam criados incentivos ao surgimento de empreendedores, o que só se consegue com estabilidade governativa. De facto, para que se consiga aumentar a produção é necessário, como é óbvio, o aparecimento a bom grau de empreendedores e estes, até podem ser divididos em dois grupos.
Ao primeiro, que é aquele que tem sido ao longo da nossa história o mais vasto, pertencem os empreendedores que surgem apenas com o motivo de fazerem a vida, quantas vezes porque não têm alternativa, sendo os mesmos caracterizados por não terem recursos suficientes para o efeito, quer em termos de gestão, quer de capital, razão pela qual a mortalidade infantil das respectivas empresas criadas é enorme.
Ao segundo grupo, segundo esta minha divisão, pertencem aqueles que investem por gosto, porque procuram realização pessoal, caracterizando-se este grupo por ter capitais adequados ao efeito e capacidade de gestão, razão pela qual neste grupo o grau de mortalidade infantil é bastante mais baixo.
Acontece que para que surjam bons empreendedores, não pode estar instalada na sociedade respectiva uma cultura de menosprezo pelos empreendedores, como acontece quantas vezes em grau elevado no nosso país. Antes pelo contrário, é fundamental que as estruturas de enquadramento estatais não só não lhes compliquem a vida, como hoje acontece em alto grau, ao ponto de desincentivarem muitos a empreender, como muitos até se querem livrar das responsabilidades de serem empresários, o que sinto estar em crescendo, o que um dia não deixará de criar sérios problemas ao povo.
De facto sem bons e bem motivados empresários e sem bons e experientes governantes o nosso futuro não deixará de ser difícil, acabando por cair numa situação em que a miséria social acabará por se impor, o que muito lamento. Vamos ver o que o futuro, não muito longínquo, nos reservará, mas receio muito que com o actual sistema político não seja nada fácil.

19/08/2020
 

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