João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
IMAGINE MARCELO REBELO DE SOUSA OU ANTÓNIO COSTA promoverem ações de campanha eleitoral a partir das suas residências oficiais que são também elas símbolos do poder. Haveria justificadamente um clamor de críticas e os eleitores penalizariam pela certa este abuso do poder. Na América, o estado da democracia está de tal modo degradado que um comportamento como o atrás referido, do atual ocupante da Casa Branca a misturar o cargo com o candidato e a quebrar um protocolo cumprido até hoje por todos os presidentes recandidatos, levantou críticas de alguns mas a indiferença de muitos. Trump, presidente teflon, assim era descrito por um cronista o presidente dos EUA, pode dizer ou fazer as maiores barbaridades, pode mentir descaradamente e perder a memória quando tal lhe interessa, pode ser o bobo da corte, pode ser malcriado e desrespeitar de forma inqualificável os jornalistas e adversários políticos. Pode fazer tudo isto e muito mais que atravessa a cena política como se nada fosse com ele. Em Trump, como no teflon, nada pega. Sempre egocêntrico e mesmo cruel nas avaliações que faz das pessoas e situações, divide para reinar, nem em situações como a desta emergência sanitária que já matou tantos e tantos milhares de americanos, persegue consensos, tenta sequer unir os seus concidadãos. As suas atitudes e intervenções são mais próprias de uma qualquer ditadura. Como acontece com a polémica dos Correios americanos, uma instituição respeitadíssima, uma instituição que todos os cidadãos americanos ligam à fundação da América e que Trump assumiu publicamente querer descapitalizar, criando condições para que a votação por correspondência corra mal, corra muito mal, nomeando para a presidência dos Correios um seu homem de mão. Como qualquer ditador faria. Quantos menos pessoas votarem mais possibilidade terá de ganhar. E se perder, não vai querer sair da cadeira do poder, sempre podendo assim reclamar da autenticidade das eleições por via da confusão que ele, sublinho assumidamente, quer criar. Mas o pior disto tudo é que as sondagens que o mostravam a dez pontos de distância de Biden, mostram agora uma tendência de recuperação, A mostrar que este populismo atrai cada vez mais gente e que políticos honestos, agregadores de vontades, estão em declínio por muitas paragens. Como no Brasil onde Jair Bolsonaro, aquele que é considerado o pior governante do mundo a lidar com a pandemia e que agora também apresenta níveis de aceitação popular acima dos 50 por cento. O mundo está perigoso. E vai continuar.