Antonieta Garcia
FORAM ELES!
Uma cotovelada é uma agressão. O cotovelo é bicudo, se atinge alguém magoa, e se, por má sorte, bate numa aresta qualquer, a dor de cotovelo faz jus ao nome: a dor física passa a insuportável e diplomou-se, por isso, em “inveja”.
Não sei por que cargas de água, assim, mal-afamada, a co-tovelada virou saudação pandémica. Primeira questão: quem foi o iniciador da prática? Cá por mim, à falta de jurisprudência sobre o assunto, sugiro uma hipótese: Foi um frugal! Porquê? Eles são tão frugais, tão frugais que até despojam de afetos os cumprimentos! Na verdade, por muito mansinha que se apresente, uma co-tovelada é uma pancada com o cotovelo. E tem tal alma, a dita, que foi convocada pelas artes marciais. Nesta área, explicaram-me, contam-se, pelo menos, seis golpes de cotovelo para derrubar o adversário. Ora, agressiva deste jeito, nenhuma criatura europeia liberta da apregoada frugalidade, se lembraria de usar tal gesto para saudar quem quer que fosse. Foram eles! Foram os frugais que inventaram a cotovelada para cumprimentar.
Como fazem os portugueses? Quando se encontram ou se despedem, abraçam-se, dão dois beijinhos - ou um, se imitarem tias de Cascais. Habitualmente efusivos não desprezam nenhuma modalidade para evidenciar o prazer de encontrar/estar com. Nem mesmo desperdiçam o beijinho dos esquimós e, desde pequeninos, aprendem a roçar os narizitos com o maior gosto.
Não pertencendo à equipa dos autointitulados frugais, os alemães saúdam-se, acenando com a cabeça; os jovens não esquecem o abraço, embora as boas maneiras ditem que estender a mão é suficiente, para cumprimentar.
Os espanhóis e italianos avançam com dois beijinhos. Os franceses só param depois de três beijocas ou quatro, conforme a região.
Os britânicos, plantados na Europa, porque não lhes é possível mudar a geografia, trocam um beijo rápido ou um aperto de mãos. Dois beijos, no Reino Unido, identificam um “continental”!!!
Os holandeses, a fina flor das gentes frugais, só admitem beijos entre os familiares… Fazem pena! Comedidos em que mais? Por exemplo, na alimentação, são moderados, sóbrios e simples? Duvida-se! É só olhar! A maioria, a partir dos 40 / 50 anos, exibe vários quilitos a mais! Não resistem ao queijo flamengo, à vaca, ao leitinho, à cerveja… Branquitos, ficam cor-de-rosa com qualquer réstia de Sol e perdem a cabeça nos países que o celebram e adoram a vida…
O que acontece? Roídos de inveja, desgostam-se dos bens alheios e acotovelam-se através de uma agressão que manifesta o seu real desejo? Meu Deus! Até nos cumprimentos fazem de conta… Como convivem com tamanha frieza, dissimulação e impostura?
Os outros europeus imitaram-nos? Não é bem assim, salvo raras exceções. Já viram como, por exemplo, os portugueses comentam, distorcem, tecem considerações alusivas e riem se o cotovelo avança? Os lusos não acreditam em tal saudação! Não a adotaram. Suave e polidamente, encostam os braços, fecham a mão que devagar se desloca para junto da mão do parceiro, fazem vénias… Ou seja, foram lançando outra moda, criativa e mais consentânea com o seu modus operandi.
Era o que faltava, que o coronavírus nos obrigasse a criar uma geração “frugal”, de infelizes! Miseravelmente solitários até quando saúdam! Meu Deus, investiga-se tudo! De tudo é capaz o ser humano! Vá lá! Descubram uma vacina ou um medicamento contra a COVID19 e distribuam-nos rapidamente por amor de quem… vos apeteça.
Teme-se a moralite aguda que se vai disseminando, com a maldita enfermidade! A maldita aumenta assustadoramente a pobreza, impõe novos cânones de obediência e endoida o mundo. As favelas do Brasil contam narrativas infernais, sem qualquer luz ao fundo do túnel. E na África. Na Índia. Nos poderosos E.U.A….
Frugais, comedidos, cobiçosos querem todos dentro dos (seus) eixos, com antolhos. Só eles sabem gerir, só eles fiscalizam, só eles controlam… Frugais e fundamentalistas praticam uma leitura única do Verbo: a deles! É o pensamento único a entrar com botinhas de lã???