João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
ESTA SEMANA CONSTATÁMOS EM PORTUGAL como será o mundo se em novembro os americanos não indicarem a porta da rua a um, cada vez mais perigoso Trump. Refiro-me à despudorada entrevista dada pelo embaixador americano que, imbuído do espírito trumpista teve o desplante de lançar ultimato a Portugal. Que escolhêssemos entre a as questões de segurança arquitetada pelos EUA ou os negócios com a China. Uma política relações comerciais com um país com quem nos relacionamos há séculos não é bom para os objetivos americanos, por isso pode resultar em suspensão de ajudas e acordos. Este despudor teve resposta à altura quer do ministro dos Negócios Estrangeiros quer do Presidente da República que lembraram ao senhor embaixador que aqui mandam os portugueses, como país independente que somos, é através dos governantes eleitos que definimos as políticas dentro do quadro do multilateralismo. Que é uma coisa que o Trump do America First desconhece. Mas que agrada a uma importante parte do povo americano, tendo em conta que, apesar dos escândalos em contínuo, o ultimo e dos mais gravosos foi a questão dos impostos pagos ou melhor, não pagos pelo presidente. Mesmo assim só o fanatismo do seu eleitor tipo impede que ele seja remetido para o lixo da história e mantenha fortes hipóteses de ser reeleito para um novo mandato ou, se perder, contestar o resultado eleitoral como de resto já anunciou que vai fazer, para não deixar a Casa Branca. Esta hipótese é tão grave, com possibilidade de violências e confrontos, que o próprio partido republicano que até agora tem sido a voz do dono, já diz que isso é demais, nem pensar. Estamos a um mês de saber.
Por cá são as negociações políticas à volta da aprovação do Orçamento do Estado para 2021 que já marca a agenda mediática. As lides já se haviam iniciado à algum tempo com António Costa a ameaçar com queda de governo se não conseguisse parceiro à esquerda que viabilizasse o Orçamento. Teve de recuar e amaciar o discurso depois da reação do Presidente. Agora vemos o BE como o mais próximo de ser a força estabilizadora, já que o PC sacudiu claramente essa responsabilidade. Claro que num contexto de crise sanitária e económica como a que vivemos e nas vésperas de assumir a presidência europeia, a crise é “impossível” de acontecer e aí avançará o PSD que assim até irá reforçar uma imagem de estabilidade e de partido responsável, algo que agrada ao seu próprio eleitorado. Uma coisa é certa, este ano a aprovação do Orçamento está garantido. Nos próximos, todos os sinais apontam para uma legislatura mais curta… A ver vamos.