Edição nº 1659 - 7 de outubro de 2020

COM PROJETO DE MEMÓRIAS DA TRAVESSIA
Ibermuseus distingue Museu do Fundão

O Museu Arqueológico Municipal José Monteiro, do Fundão foi a único museu português a ser distinguido na 11ª edição do Prémio Ibermuseus de Educação, pelo projeto Memórias da Travessia. Ibermuseus, que é a organização internacional que gere e articula as políticas públicas museológicas no espaço Ibero-Americano, premiou o projeto que a constituição de um registo histórico dos atuais fluxos migratórios transeuropeus que se têm vindo a fixar na Cova da Beira.
Concorreram 280 projetos oriundos da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, México, Peru, Portugal e Uruguai e foram premiados 20 propostas que abordam temas como património histórico e cultural, a infância, a igualdade de género, as migrações, culturas nativas e as novas tecnologias.
Todos os projetos serão incorporados no Banco de Boas Práticas da instituição que atualmente conta com 240 iniciativas modelares e inovadoras nos domínios dos museus.


Projeto une
saberes
O projeto Memórias da Travessia, que se encontra já em desenvolvimento, reúne um conjunto de investigadores da Câmara do Fundão e das Universidades Lusófona - Cátedra Unesco educação, cidadanla e diversidade cultural e de Salamanca de diversas áreas das ciência sociais, da arqueologia, à sociologia, e à música e linguística.
Para o politólogo e museólogo Carlos Serrano, “a vitória do projeto Memórias da Travessia é um motivo de muita felicidade. Como imigrante, descendente de emigrantes, o tema toca-me pessoalmente. Porém, percebo acima de tudo a importância e urgência de uma iniciativa destas nos tempos que correm. Em período de pandemia, só consigo pensar neste projeto como uma vacina contra uma outra ameaça emergente, e muito perigosa, como prova a história, que é o discurso de ódio, xenofóbico e racista”.
Também a museóloga e pedagoga brasileira Moana Soto considera que “é motivo de orgulho e, como já dito, de alegria, poder desenvolver este projeto. Mais do que pelo reconhecimento e estímulo que recebemos pelo prémio Ibermuseus, pela perceção que tenho de poder estar a colaborar para impactar de forma positiva a vida destes refugiados, valorizando as suas memórias, histórias e culturas. Essa é função que vislumbramos ser a principal da Sociomuseologia e da educação: mudar vidas”.

Um museu também
pensa o presente
Para o diretor do Museu do Fundão, Pedro Salvado, “este prémio honra o Fundão, a sua autarquia e a exemplaridade de como é que este município beirão tem acolhido e tratado o desafio nas migrações na Europa. Este é um trabalho de equipa que confirma aquela extraordinária característica do Fundão ser terra de pensar futuros e de encontro de culturas. Mas este reconhecimento constitui um estímulo e um desafio para todos os museus da nossa Região. Temos de nos unir e atualizar os discursos e as problemáticas. A museologia social é o caminho. O projeto combina materialidades, memórias e geografias das migrações de ontem e de hoje que confirmam que, em tudo, somos sempre passagem. A permanência é muito volátil. Um museu deve também ser uma plataforma-ponte de reflexão continuada sobre o que fomos, o que somos e o poderemos e queremos vir a ser. Os objetos num museu de Arqueologia nunca são estáticos são sempre matérias de interrogação. Todos os museus de Arqueologia são museus de migrações materiais e espirituais. Os museus são casas das interrogações da contemporaneidade e queremos criar memória aos novos migrantes que se aproximaram e querem enraizar nestas geografias do Mundo. O projeto Memórias da Travessia pretende acima de tudo religar culturas e tempos”.

07/10/2020
 

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