À memória do professor Joaquim Martins
Acredito que manter na memória um amigo é para mim mais fácil do que para os que não gostam de poesia.
A Poesia é, segundo as palavras de Eugénio de Andrade, o que não pode morrer.
A voz (a moderação na voz); o olhar, o sorriso e os livros partilhados.
Ao professor Joaquim Mar- tins sempre associei um poeta: Ruy Belo; por puro instinto, mas com o tempo percebi que havia entre eles uma razão maior; uma espiritualidade que os formava e lhes dava horizontes.
Família não faltou ao Ruy Belo (maravilhoso o legado que nos deixou nas artes também através dos seus filhos); nem amigos, onde se contava Eugénio de Andrade.
O que lhe faltou foi um país, comunidade.
Reconhecimento ao seu amor por todos nós, os Portugueses.
O professor Joaquim Martins foi mais feliz; ajudou a construir inúmeras comunidades nos lugares que habitou.
Na família; na Escola; na Gazeta do Interior; nas funções públicas para que foi eleito; e em todos os outros lugares onde exercia o seu magistério.
Não terá tido um caminho mais fácil do que foi o de Ruy Belo, mas, acredito, foi mais feliz.
E nós felizes com ele.
Elsa Ligeiro