Edição nº 1679 - 24 de fevereiro de 2021

João Belém
LER …..

A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo
Joseph Addison

Não existe apenas um modo de ler bem, mas existe uma razão fundamental porque se deve ler.
Nos dias de hoje, a informação é facilmente encontrada, mas onde está a sabedoria?
Se tivermos sorte, encontraremos um professor que nos oriente, mas, em última análise, vemo-nos sós, seguindo nosso caminho sem mediadores.
Ler bem é um dos grandes prazeres; segundo a minha experiência, é dos mais benéficos dos prazeres. Ler conduz-nos à diversidade, seja à nossa própria ou à dos nossos amigos. Literatura de ficção é diversidade e, portanto, alivia a solidão.
Lemos não apenas porque, na vida real, jamais conheceremos tantas pessoas como através da leitura, mas, também, porque amizades são frágeis, propensas a diminuir em número, a desaparecer, a sucumbir em decorrência da distância, do tempo, das divergências, dos desafetos.
Para desenvolver a capacidade de formar opiniões críticas e chegar a avaliações pessoais, o ser humano precisará continuar a ler por iniciativa própria.
Considero a leitura como um bom hábito pessoal. A maneira como lemos hoje, quando o fazemos sozinhos, manifesta uma relação contínua com o passado.
Sir Francis Bacon, ofereceu o célebre conselho: “Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar”.
Lemos, intensamente, por várias razões, a maioria das quais conhecidas: porque, na vida real, não temos condições de “conhecer” tantas pessoas, com tanta intimidade; porque precisamos nos conhecer melhor; porque necessitamos de conhecimento, não apenas de terceiros e de nós mesmos, mas das coisas da vida.
Estimulo o leitor a procurar algo que lhe diga respeito e que possa servir de base à avaliação, à reflexão. Leia plenamente, não para acreditar, nem para concordar, tampouco para refutar, mas para buscar empatia com a natureza que escreve e lê.
Virginia Woolf, no ensaio “Como ler um livro?”, afirma:
“Na verdade, o único conselho que se pode dar a alguém com respeito à leitura é não aceitar conselho algum”. No entanto, no mesmo ensaio, ela apresenta uma série de preceitos que visam a garantir a liberdade do leitor, e que culminam na pergunta: “Onde começar?”. Para chegar ao máximo do prazer da leitura, “não devemos desperdiçar nossas forças, lendo de modo errático e desavisado”.
Portanto, enquanto não amadurecermos como leitores, algum aconselhamento sobre leitura pode ser-nos útil, talvez, até mesmo essencial.

24/02/2021
 

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