Edição nº 1685 - 7 de abril de 2021

CULTURA
António Salvado edita Poemas para Nósside com ilustrações de Miguel Elías

Poemas para Nósside é o título da obra mais recente da autoria de António Salvado. Um livro, da coleção Contramaré, com a chancela da Labirinto, no qual a poesia do poeta Albicastrense é acompanhada de ilustrações de Miguel Elías, que é natural de Alicante, Espanha, sendo pintor, gravador e professor na Universidade de Salamanca.
António Salvado afirma, com base na sua obra mais recente, que “clássico, escreveu, Eliot, é aquele que vem depois”, para sublinhar que “se bem interpretamos a asserção do Nobel inglês, parece-nos que este, ao refletir talvez sobre tantos vanguardismos e tantas inovações, por vezes caóticas, que atravessaram a poesia do Século XX, pressentia nos poetas mais jovens uma tendência para se retomarem, com original ímpeto, tendências formais poéticas que vinham dos séculos anteriores”.
António Salvado adianta ainda que “em Portugal, um dominante versilibrismo, de quando em quando com alto talento exemplificado, mas geralmente despojado de autêntica substância, de coisas, como disse Miguel Ângelo a propósito de muita menos boa poesia do seu tempo, preencheu muitíssima da criação poética portuguesa do Século XX e, até, do Século XXI. E, após esse versilibrismo desenfreado dir-se-á que outra tendência se corporiza na recente poesia portuguesa”.
Explicação que faz entender que servirão de modo exemplar os textos que constituem Poemas para Nósside, acima de tudo, pelo seu recorte formal essencialmente clássico, que se pode integrar numa linha que vem dos sonetistas Camões, Bocage e Antero de Quental e que continua por Fernando Pessoa ortónimo, por Florbela Espanca, por João Régio, entre outros.
Mas não só, uma vez que, por outro lado, não admira que estes poemas de António Salvado tenham ido beber, e tantas que poderiam ter sido as fontes, na sua expressividade, na poesia de Nósside, mulher-poeta da língua grega entre finais do Século IV e início do Século III a.C., que, num dos seus epigramas escreveu: “Nada ultrapassa o amor em doçura, nem há fortuna alguma que possa avantajar-se-lhe…”.
Tudo, porque de maneira geral, os poemas que preenchem a nova obra de António Salvado materializam uma arte de amar na qual as dicções do amor se concretizam nas suas múltiplas e surpreendentes ramificações. Concretização que soube colorir com vívidas tonalidades a dimensão apaixonante da poesia, que soube esculpir, com a palavra, o modulado e sublime corpo da beleza.
António Tavares

07/04/2021
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video