CULTURA
António Salvado e a Residência de Emoções
Na sua residência, que é o lugar onde o poeta namora a inspiração, António Salvado tem poemas pendurados nas paredes: imagens das palavras sentidas com que os artistas seus amigos escreveram as memórias e esperam as palavras sensíveis do poeta que as pinta em escrita - Residência de Emoções.
Assim se chamava a exposição da coleção particular de pintura de António Salvado que esteve (pouco disponível por culpa da pandemia) entre janeiro e abril no Museu Francisco Tavares Proença Júnior.
Nela se procurava demonstrar a realidade de um poeta de nascença: sentir, recordar a sensação de todos os corpos, vívidos ou inanimados, com os quais a imaginação desenha, qual dedo apaixonado, os lugares dos corpos que perduram no tempo e nos quais tocou na timidez da maior das ousadias: respirar poesia.
Este Dom Quixote moído e sem moinhos que sabe onde perder a Dulcineia que nunca encontrou, no dia 22 de maio fez-se acompanhar, numa visita inesperada, por poemas seus traduzidos em castelhano, francês e japonês por, respetivamente, Alfredo Alencart, Jean Paul Mestas e An Oshiro que foram lidos, no idioma original e nos idiomas das outras paragens, por Celeste Capelo, Maria de Lurdes Barata, Manuel Costa Alves, Rafael Salvado Conceição e José Dias Pires.
Na residência de emoções, a amizade e o amor foram sentimentos vencedores que através das mãos e das bocas viram escritos os cânticos de amizade e amor, como quem bebe, num gole de chá, todo um tinteiro.