Edição nº 1694 - 9 de junho de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

QUANDO HÁ JÁ ALGUMAS SEMANAS o Governo de Portugal e a autarquia do Porto apresentaram ao País a decisão de aceitar a final da Liga dos Campeões, entre duas equipas inglesas, na capital do Norte, fizeram-no com genuíno entusiasmo convencidos de que, por várias razões, a nossa disponibilidade de substituir Istambul na realização do evento desportivo, iria beneficiar Portugal e os Portugueses. Primeiramente pelos benefícios económicos que adviriam da presença no Porto de alguns milhares de turistas, adeptos, Ingleses. Também porque, estando Portugal envolvido numa candidatura conjunta com Espanha para a organização do Mundial de Futebol de 2030, era uma oportunidade para mostrar capacidade de organização e, de caminho, cair nas boas graças da FIFA e da UEFA, esta a braços com a final da Champions League que ninguém queria, incluído o país de onde eram originárias as duas equipas. Finalmente, porque era uma forma de mostrar as nossas conquistas no domínio da pandemia. E com a garantia de que tudo seria feito respeitando as regras de segurança em vigor, usando a famosa bolha que isolaria os adeptos. Acontece que tudo em teoria correria muito bem se não houvesse pelo meio novas condições, como a de o Reino Unido, uma semana antes ter colocado Portugal na lista verde. E de um dia para o outro, muitos milhares de Ingleses, sedentos de sol, mar e boa comida a preços baixos desembarcaram nos aeroportos portugueses. E muitos outros milhares de Ingleses, fora da bolha, invadiram o Porto ao encontro da festa do futebol, com muitos e esperados excessos. Uma Inglesa, sorridente, falava para as câmaras que nunca tinha podido assistir a uma final tão barata, tão somente setenta euros era em quanto lhe ficara a festa. É de admirar assim que tantos por tão pouco nos tenham visitado por esses dias? Claro que a bolha rebentou rápido, é claro que a cerveja boa e barata trouxe os habituais desacatos filmados e passados em looping nas nossas televisões, a ampliar situações que nunca revestiram especial gravidade. Mas que desen-cadeou um coro de críticas, a lembrar também que o comum de nós se sente descriminado, sujeito como está a rigorosa regras que aqui não se viram. Entretanto, não tendo havido um aumento significativo de infetados por via das descontroladas festas futebolísticas, o drama maior é a medida tomada poucos dias depois pelo governo inglês de retirar Portugal da lista verde, o único país europeu que tinha esse privilégio decorrente da favorável situação pandémica que aqui se vive e que fez encher num instante os hotéis algarvios e fez sonhar com um verão à antiga, os empresários e trabalhadores do turismo e atividades afins. Mas foi sol de pouca dura e viu-se o caos nos aeroportos com mais de 30 mil Ingleses a tentarem regressar ao Reino Unido antes da quarentena obrigatória. Foi uma medida completamente incompreensível e até inamistosa porque não está baseada em informação correta, mesmo não acreditando no cinismo em que poderia estar embrulhada a decisão. Mesmo que seja revertida, já se criou insegurança e muitos Ingleses vão pensar duas vezes antes de viajar. Provavelmente é isso mesmo que quer o governo de Boris Johnson...

09/06/2021
 

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