Edição nº 1695 - 16 de junho de 2021

António Nunes Farias
UMA “BOLACHA” A MACRON E OS DADOS PARA A RÚSSIA

Aquela já ninguém lhe a tira. Eis o caso de uma atitude politicamente incorrecta. Quem a tomou, lá saberá porquê com a certeza porém de que arranjou um “molho de brócolos” para os próximos tempos. É que isto de despejar raivas e protestos na cara de um Presidente da República dá problemas ou talvez não. E porquê? Passo a explicar tendo como base três cenários: 1) O Presidente francês leva a coisa a sério e o assunto segue para os tribunais e entala o manifestante; 2) Dá de barato a bolachada, deixa cair a situação, perdoa o ato mas não esquece. 3) Faz como Mário Soares na Marinha Grande, ou seja, não se vitimiza como as televisões “mostraram”, é catapultado pelas sondagens e…ganha as eleições. Na minha opinião e em relação a Macron a coisa vai ficar pela última opção. Como se conhece por terras gaulesas o senhor já foi mais popular e agora volta a ser porque “apanhou”, não se queixou e…continuou a sua visita ao sul de França por causa dos impactos da Covid. Estóico, sem dúvida. A história não deixa de ser curiosa até porque, por terras lusas foram muitos os que bateram logo palmas à “coragem” que proporcionou ao mundo, se bem que em diferido, a dita bolachada ao francês mesmo não conhecendo a razão ou as razões que levaram a tal atitude violenta. Mais ainda, aguçou apetites numa espécie de vontade de chegar “roupa ao pêlo” não a Marcelo Rebelo de Sousa, (o super-herói dos afetos) mas a…António Costa, (o homem que corta as palavras). Espero que não aconteça mas pelo sim, pelo não, convém apertar a segurança em redor do Primeiro-Ministro. Nas conversas de café não se prepara um “atentado” igual até porque como dizia outro Primeiro-Ministro, em tempos idos “o povo é sereno”. Antes assim. Porque as broncas do país e quem as origina merecem ser combatidas pelas palavras e não pela agressão física. (Noutro mundo, o do futebol, as coisas acontecem ao contrário, como se sabe). Assim, apesar do episódio ocorrido na vila de Tain-L’Hermitage que por cá ninguém conhece mas que existe não vai servir de exemplo. Antes assim.
Em quem ninguém toca é no Presidente russo. E porquê? Simples, a malha da sua segurança é de tal forma apertada que não há quem lá se chegue. Putin também nunca arriscaria a chegar perto de multidões para uma amena cavaqueira com manifestantes. E faz bem. Faz o correto. Para quê chatear-se se pode mandar o “mensageiro”. Não precisa de desviar aviões para prender e depois torturar dissidentes. Os recados são enviados a seu tempo. A identificação dos “contras” chegará de uma maneira ou de outra. Por amigos ou pelos canais diplomáticos. Tudo se arranja para dar uma ajudinha a quem manda nisto tudo. Por cá e por terras distantes, nesta, que sempre para o pior é mesmo uma aldeia global. É caso para dizer, “manifestantes, uni-vos”, evitem identificar-se e usem máscara em cima da máscara (a da anti-Covid). O que o pessoal se esquece é que este e outros casos da partilha de dados pessoais com organismos e países pouco recomendáveis não é de agora. O Big Brother de Orwell transformou-se numa realidade que não ocorrerá no futuro. Acontece desde há muito. O futuro facilitará simplesmente a tecnologia mais apurada, mais refinada, ou à descarada. Basta o cartão de cidadão, o cartão de débito ou a identificação de associado de uma colectividade qualquer para se chegar onde os “poderosos” querem. Cruzam-se dados e o que menos custa é serem partilhados e vendidos a seguradoras, bancos, agremiações solidárias e outras, muitas. Em suma, controlados já somos de uma ou de outra maneira com conhecimento próprio ou desconhecendo. Controlar as sociedades é controlar o poder com uma “bolacha” a mais ou bolachada a menos.

16/06/2021
 

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