João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
DURANTE QUANTO MAIS TEMPO vai António Costa resistir ao inevitável, à remodelação governamental? Pois… sabe-se que a maior parte dos lideres políticos não gosta de tomar decisões destas debaixo de pressão mediática. Compreende-se. Por isso, o que se pode conjeturar é se será antes ou depois das eleições Autárquicas de final de setembro. As duas opções têm argumentos sólidos, mas acreditamos que António Costa já terá na sua cabeça e pronta a sair, a remodelação que a maioria dos Portugueses deseja. Como mostram os mais recentes estudos de opinião, publicados este fim de semana e que trazem dados que devem por em alerta o partido do Governo. PS em queda e o PSD a subir na mesma proporção, o Chega empatado com o BE nas intenções de voto e, impensável há pouco tempo, os liberais à frente dos comunistas, não são bons indicadores para umas vésperas de eleições que podem ser de alguma forma contaminadas por este desencanto, misturado com a sensação de fim de festa de algum cansaço e confusão. Confusão é o que tem acompanhado há já algum tempo o primeiro candidato a ser remodelado, o ministro Eduardo Cabrita. Parece que uma nuvem negra o persegue, porque tudo lhe acontece, e não são coisas boas. Independentemente da sua competência, quando se chega a este ponto e claramente percecionado pelo comum dos cidadãos, o ministro passa a ser tóxico para a imagem do Governo e não há outra coisa a fazer senão sair. Mas compreende-se que em plena época de incêndios, não será fácil a decisão. Como não será fácil neste momento, encontrar nomes politicamente fortes para uma remodelação profunda.
POR ESTES DIAS VIVEU-SE O HORROR das cheias que destruíram povoações inteiras na Holanda, na Bélgica e, principalmente, na Alemanha. Centenas de mortos e mais de um milhar de desaparecidos, num cenário de destruição que seria inimaginável na região mais rica e de melhores infraestruturas da Europa, que levarão anos a serem completamente reconstruídas. E em plena pré-campanha eleitoral que há de ditar o sucessor de Angela Merkel, o tema das mudanças climáticas já presente, passa para o topo das preocupações e pode vir a beneficiar de forma decisiva o partido Verde de Annalena Baerbock que tudo aponta seja mesmo a principal candidata a ocupar o lugar de chanceler da República Federal Alemã. Agora foram as chuvas torrenciais, na semana anterior as terríveis temperaturas que atingiram os 50 graus em regiões do Canadá e dos Estados Unidos da América. A seca persistente em Madagáscar, que ameaça de fome mais de 400 mil pessoas. Eram calamidades já anunciadas em 1990 por um painel de cientistas do clima. Alertavam há mais de 30 anos, para as mudanças climáticas e as consequências dramáticas que afetam vastas regiões em todos os continentes. Só que as situações extremas que se verificam agora chegaram mais cedo do que o que eles previam. Não se sabe é se ainda estamos a tempo de fazermos as mudanças drásticas no nosso quotidiano que as ajudem a minimizar.