SÉRGIO BENTO RECONDUZIDO NA ACICB
“Associações comerciais têm atravessado um grande deserto sem apoios dos governos”
Sérgio Bento foi reconduzido, na passada quinta-feira, 15 de julho, na presidência da direção da ACICB – Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa para o quadriénio 2021/2024.
Na cerimónia, Sérgio Bento aproveitando a presença do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, deixou alguns recados ao Governo, começando por realçar que “os tempos que vivemos são tempos conturbados e de grande incerteza, quanto ao futuro. Contudo, não podemos baixar os braços”.
Para o presidente da ACICB não há a menor dúvida que “as empresas fizeram e fazem muito pelo Estado”, pelo que “está está na hora do Estado também fazer pelas nossas empresas. Está na hora do Estado fazer pelas nossas empresa e pelos nossos empresários”, uma vez que “sem apoios do Estado muitas delas não vão conseguir resistir a esta crise”.
Sérgio Bento denunciou, por outro lado, que “Portugal tem uma das maiores taxas de pequenas e médias empresas (PME) que não teve apoios”. Tudo isto para referir que “Portugal teve a maior taxa de PME com quebras superiores a 40 por cento sem apoios de Estado” e sublinhar que “os quatro mil milhões de euros que o Governo se prepara para injetar a TAP permitiriam dar 50 mil euros a cada um dos 80 mil estabelecimentos de restauração, cafés e outros que se encontram há mais de um ano a braços com esta crise”.
O presidente da ACIB frisou, mais à frente, que “confesso que víamos o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) como uma lufada de ar fresco para os nossos empresários, contudo, com o passar do tempo, com a análise do mesmo e com as notícias que têm vindo a público, começamos a apercebermo-nos que, provavelmente, nada chegará até estas realidades”.
Sérgio Bento aproveitou ainda para recordar que “no meu discurso do aniversários dos 110 anos da ACIB referir que esperávamos que houvesse coragem política para tomar decisões, como acabar com as portagens da A23. Bem sabemos que foram reduzidas, mas não é suficiente. Que seja pensado e executado o Regadio a Sul da Gardunha, que a Barragem do Alvito possa ser uma realidade, que a construção do IC31 possa ter início nos próximos dois a três anos. Acrescentaríamos ainda uma necessidade muito importante, a existência de uma ligação em condições da A23 à I13, o IC8 é uma estrada muito problemática, com um grau de sinistralidade muito elevado, permitira também uma ligação muito importante ao Litoral”
Noutra perspetiva Sérgio Bento defendeu que “devem ser criadas condições para descentralizar as decisões de aquisição de bens consumidos pelos serviços públicos, a fim de que as empresas locais também possam contar com este mercado”, ao mesmo tempo que “entendemos ser necessária uma desburocratização dos procedimentos administrativas, os quais consideramos um entrave ao desenvolvimento da economia”.
Sérgio Bento denunciou igualmente que “as associações comerciais têm atravessado um grande deserto, sem qualquer apoio dos sucessivos governos. Somos nós que estamos no terreno, que conhecemos melhor as necessidades dos nossos empresários e que temos meios para os poder apoiar no seu dia a dia. Esperamos que os nossos governantes olhem para nós e nos considerem parceiros para ajudar no desenvolvimento da região onde nos inserimos” e conclui que “não temos quaisquer apoios, as nossas receitas são pouco mais do que resulta do pagamento das quotas dos nossos associados”.
Já no final da intervenção, avançou ainda que “o nosso trabalho para os próximos quatro anos tem que ser de navegação à vista. Ninguém sabe o que nos espera. As associações comerciais têm que se ir adaptando em função das necessidades dos empresários, temos que ter a capacidade de nos reinventar, tal como o temos feito até aqui”.
Presente na cerimónia, o presidente da Câmara de Castelo Branco, José Augusto Alves, começou por afirmar que “a ambição de Castelo Branco é liderar toda a Região”, enquanto por outro lado avançou que a ACICB, “com 110 anos, é uma associação que continua com dinamismo, com vitalidade”.
José Augusto Alves assegura que “é necessário desenvolver a nossa economia e isso é feito com os empresários, com as associações”, sendo que “a Câmara limita-se a apoiar, e bem, em termos de parceria”.
Reiterando que “Castelo Branco quer liderar a Região”, o autarca reforça que “é isso que nos move e o principal é estar ao lado das pessoas”.
A cerimónia contou também com a presença do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, que na sua intervenção falou no “reconhecimento do papel das autarquias no enfrentar do COVID”, garantindo que “as autarquias foram muito importantes para preservar o nosso tecido económico e produtivo”.
João Torres, que em termos mais abrangentes, deixou “três mensagens. A de agradecimento, a de reconhecimento e a de incentivo”.
António Tavares