Edição nº 1706 - 8 de setembro de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A HISTÓRIA DOS DOIS IRMÃOS IRAQUIANOS presos na semana passada em Lisboa, por claros indícios de pertencerem ao Daesh, é algo que nos transmite confiança nos serviços de segurança portugueses. Os dois são suspeitos de terem combatido em Mossul, no Iraque, antigo bastião do Daesh, onde terão cometido atrocidades, crimes contra a humanidade. Chegaram a Portugal em março de 2017, vindos da Grécia, com outros refugiados. Contra eles parecia nada haver a apontar. Apresentavam-se mesmo como vítimas de perseguição, com dramas familiares à mistura. Mas um outro refugiado iraquiano reconheceu um deles, apontando-o até como tendo exercido cargo de relevo nas estruturas terroristas. Soaram as campainhas de alarme e desde então terão sido discretamente vigiados pela Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária, com colaboração o serviço de segurança iraquiano através da Unitad-ONU, a equipa de investigação criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para promover a responsabilização por crimes cometidos pelo Daesh.
Aqui chegados, volto ao início da minha crónica. Repito que toda esta história nos deve fazer acreditar que os nossos serviços de informação funcionam mesmo. E que na altura certa, neste caso quando havia indícios de preparação de atentado na Alemanha onde os dois estariam envolvidos, intervêm para fazer abortar o atentado e colocar fora do circuito terrorista os dois irmãos que abusaram da hospitalidade europeia, da portuguesa em particular. Porque por mais de uma vez, nós demonstrámos hospitalidade e solidariedade para com os dramas de tantos povos, como agora se vê com o povo afegão. Que os países liderados por chefes políticos de direita e populistas, recusam aceitar, alegando entre outras coisas, não querer acolher extremistas islâmicos disfarçados de refugiados. Por contraste com Portugal, onde muitas famílias, mais de oitocentas, estão disponíveis para receber refugiados afegãs, especialmente crianças. Porque o medo de algum possível terrorismo infiltrado, não nos pode fazer desviar do essencial, das causas humanitárias. Porque o medo a condicionar a vivência dos valores morais do mundo ocidental, representa a vitória dos grupos extremistas como o Daesh que pretendem mesmo espalhar o medo na civilização que dizem combater.

08/09/2021
 

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