Edição nº 1712 - 20 de outubro de 2021

ENTREGUE PELA PRIMEIRA VEZ
António Salvado distinguido com Medalla Fray Luis de León de Poesía Iberoamericana

O poeta Albicastrense António Salvado foi distinguido, na passada quinta-feira, 14 de outubro, no Salão de Receções do Ayuntamiento de Salamanca, em Espanha, com a Medalla Fray Luis de León de Poesía Iberoamericana, que foi atribuída pela primeira vez.
Na cerimónia, o coordenador dos Encuentros de Poesía Iberoamericana, Alfredo Pérez Alencart, “Salamanca é a cidade de Fray Luis de León, o notável poeta e teólogo da Universidad de Salamanca, do qual os versos têm ressonância universal, tanto como o tratamento injusto que sofreu pelos julgamentos da Inquisição, quando traduziu para um belo castelhano o majestoso cantar bíblico”.
Pós esta introdução, destacou que “este galardão que tem o nome de tão importante catedrático foi criado, pela primeira vez dentro dos Encuentros de Poetas Iberoamericanos que já soma 24 edições consecutivas. Foi criado para reconhecer a trajetória poética de um poeta iberoamedricano do qual a sua obra se considere ser merecedora de ser reconhecida como valiosa”.
Tudo para sublinhar que “é o caso do notável poeta lusitano António Salvado, Castelo Branco, 1936, a quem o concelho coordenador dos Encuentros considerou que devia ser o primeiro a receber a referida medalha. A sua ampla e excelente obra, que vai da poesia ao ensaio, amplia-se com antologias de outros autores, assim como pelas suas traduções para Português de mais de uma centena de autores espanhóis e latinoamericanos”.
Alfredo Pérez Alencart acrescentou ainda que “trata-se de uma distinção que está destinada a constituir-se numa referência iberoamericana, não pelo brilho que alguns pretendem dar aos seus prémios, mas sim pela seleta e rigorosa eleição do poeta que, como António Salvado, darão brilho e renome a este reconhecimento salmantino”.
António Salvado, por seu lado, é da opinião que “considero que foi a minha presença constante, desde a primeira edição dos Encuentros de Poesía Iberoamericana, foi o argumento principal que determinou que me fosse atribuída esta medalha, que agradeço com imenso prazer e profundo reconhecimento. Também é possível que outros motivos tenham sensibilizado a minha trajetória intelectual e sentimental pela cidade de Tormes, trajetória talhada ao longo de várias décadas, especialmente desde 1986, quando a Cátedra de Poética Fray Luis de León, dirigida pelo notável humanista Alfonso Hortega Carmona, me distinguiu com um reconhecimento que denominaram Un poeta portugués se presenta. Muito recordo esse humanista de renome europeu”.
António Salvado acrescentou que, “por esses tempos, ou pouco depois, outro ato me conduziu à presença de uma mulher extraordinária, de presença física inigualável e de capacidade intelectual indubitavelmente superior. A então conselheira de cultura do Ayuntamiento de Salamanca, Pilar Fernández Labrador. E, quem mo diria que, passados anos, eu seria eleito para presidir o júri do importante Premio Internacional de Poesía que tem o seu nome”.
Para o poeta Albicastrense, “em definitivo, seria extenso comentar as ramificações líricas que tive neste horizonte de pedra e afetos. Mas não posso deixar de mencionar dois grandes poetas, que já faleceram, que merecem a minha maior admiração, Claudio Rodríguez e José Ledesma Criado, que traduzi e publiquei em Portugal. E como esquecer a forte relação que mantenho com Antonio Colinas, Luis Frayle Delgado, Jesús Hilario Tundidor, este último que também já faleceu, e o aperto de mãos e os abraços expressivos de tantos poetas de América Latino que vieram a estes encontros e aos quais, na sua maioria, traduziu os seus poemas com imenso prazer? E como esquecer outros encontrados gerados desde Salamanca, onde pude estar em continuação espiritual e lírica com outros nomes destacados da poesia de Castilla Y Leon, como Andrés Quintanilla Buey, José Maria Muñoz, Jesús Fonseca ou José Amado Martin, para referir alguns”.
António Salvado recordou que “aqui também me traduziram para japonês, o especialista Ann Oshiro, e aqui conheci o maestro pintor Kousei Takenaka, que em 2009 pôs pintura aos meus versos para o livro conjunto que intitulei Otoño, com tradução para o castelhano feita pelo poeta Alfredo Pérez Alencart. E aqui recebi outras homenagens da Universidad de Salamanca e do Ayuntamiento, quando o presidente era Julián Lanzarote”.
Por tudo isto, sublinhou que “estas recordações já vão sendo extensas e não quero tirar-lhes mais tempo. Muito, confesso-o, ficou por deixar registo da minha religação com Salamanca e com a sua alta cultura, cidade que muito visitei desde que o meu filho Pedro começou a estudar na Facultad de Geografía e Historia, faz já muitos anos”.
Pelo meio António Salvado referiu que “há uns momentos mencionei a personalidade única da mulher que é Pilar Fernández Labrador. Mas outra mulher esteve na minha passagem por Salamanca: chama-se Jacqueline Alencar. Rilke escreveu um dia que «a morte não é mais que o outro lado da vida». Jacqueline partiu para esse outro lado da vida, mas estará sempre connosco, ampliando as nossas recordações. Também está deste lado. Não obstante, com lágrimas agora, dou um aplauso muito vibrante à sua memória e à do maestro Fray Luis de León, por esta medalha que leva o seu nome e que me honra como o melhor dos prémios que um poeta pode receber”.
António Tavares

20/10/2021
 

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