António Tavares
Editorial
O Governo aprovou o aumento do salário mínimo para 705 euros, em 2022. Uma boa notícia para muitos trabalhadores que, claro, poderia ser melhor, se o aumento fosse mais significativo.
Mas, se por um lado este aumento vem aumentar o rendimento líquido ao final do mês, não deixa de ser verdade que tem outro efeito que não é nada vantajoso, muito pelo contrário. Tudo, porque este aumento do salário mínimo faz com Portugal seja um dos países em que cada vez mais pessoas ganham o salário mínimo. Uma realidade confirmada pela dureza dos números. Basta ter em atenção que, de acordo com dados da Pordata, em 2013, qualquer coisa como 12 por cento dos trabalhadores por contra de outrem recebia o salário mínimo, representando um universo de aproximadamente 415 mil pessoas. Já no final deste ano, de acordo com dados do Governo, essa percentagem está em 25 por cento, representando um universo de 880 mil pessoas. Ou seja, em apenas oito anos, duplicou o número de trabalhadores que recebem o salário mínimo. Se em 2013 um em cada oito Portugueses estava nessa situação, agora é um em cada quatro.
Uma dura realidade que, se nada for feito, se agravará ainda mais no futuro, fazendo com que Portugal possa passar a ser conhecido como o país do salário mínimo que, diga-se, é muito baixo comparando com outros países. Em Espanha, mesmo aqui ao lado, o salário mínimo é de cerca de mil euros, e no Luxemburgo é acima dos 2.200 euros, sendo o mais elevado.