Edição nº 1725 - 19 de janeiro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

ESCREVO ESTA CRÓNICA no preciso momento que termina o primeiro, e creio que único, debate que reuniu todos os partidos com representação parlamentar. Seria difícil promover um debate esclarecedor e interessante para os espetadores que reunisse nove dirigentes partidários. Mas temos de reconhecer que a televisão pública e o moderador Carlos Daniel fizeram um trabalho de grande qualidade e conseguiram um debate suficientemente esclarecedor, sem picardias e interrupções, onde todos puderam, mesmo que limitados no tempo, apresentar as suas principais propostas de governação e confrontá-las com os seus adversários políticos.  Mais do que saber quem ganhou ou perdeu o debate, importante é saber se conseguiram ou não criar empatias com os eleitores, se foram convincentes na defesa das suas ideias. Mas essa já é outra história e tem a ver com a natureza, a estratégia e a eficácia de cada um dos candidatos. Como seria expetável, houve três temas que traçaram a fronteira entre a direita e a esquerda. A saúde, com o SNS a marcar toda a diferença, com as direitas, incluindo Rui Rio, a fazerem um retrato negro do nosso SNS, retrato que não nos parece ser partilhado pela grande maioria dos portugueses. Um outro ponto, necessariamente teria de ser a economia e os impostos. Também ficaram bem claras as diferenças sobre os caminhos da economia, com mais ou menos estado. Uma área onde Rui Rio se sente particularmente à-vontade mas  António Costa terá sido mais eficaz, trazendo para a liça, a importância da aposta na educação e investigação cientifica no desenvolvimento económico. E também não esqueceu de assumir os louros pelo equilíbrio das contas públicas conseguido pelo seu governo e os sucessos na área do emprego. Curiosamente, foi pouco referido o papel que se quer para o PRR, ajuda comunitária como nunca houve antes e que pode ser muito importante numa altura em que sombras negras caem sobre a economia europeia, devido a uma tendência inflacionista que poderá trazer consequências bastante negativas para a vida dos portugueses e dos europeus. Sem esquecer que as regras do equilíbrio orçamental, mesmo que sem o rigor de outros tempos pré-pandemia, já vão sendo pré anunciadas.  Finalmente, um dos pontos centrais da campanha que saiu para as ruas já esta segunda , é o da governabilidade, um problema com que nos iremos provavelmente confrontar em 31 de janeiro. Com António Costa, pela primeira vez a não ter medo de juntar  absoluta à maioria de que tem vindo a falar,  talvez embalado por sondagens de opinião que estarão para ser conhecidas, maioria absoluta que seria o diabo em pessoa para os restantes partidos, e que muitos ainda consideram pouco provável que aconteça. Por isso restará uma maioria construída à esquerda, mesmo que Costa de forma estratégica o recuse à partida, uma maioria à direita liderada pelo PSD, difícil porque o Chega só a aceita se participar no governo, uma linha vermelha que muito dificilmente Rio irá ultrapassar. E ainda há a hipótese de o bloco central, mesmo que de forma informal, peça a peça, sustente o governo que nesse caso não duraria mais que dois anos. E faltam pouco mais que dez dias para abrirmos a caixa e descobrirmos a prenda que nos saiu em sorte...

19/01/2022
 

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