Edição nº 1730 - 23 de fevereiro de 2022

CORTIÇADA ART FEST
A arte que nasceu da cicatriz dos incêndios

A cicatriz deixada pelos incêndios florestais, neste caso os de 2017, foi o mote para iniciar o projeto Cortiçada Art Fest, envolvendo as câmaras de Proença-a-Nova, Sertã e Oleiros, a Direção-Geral das Artes, a Direção Regional de Cultura do Centro e o gabinete de arquitetura MAG que teve como expressão mais visível a criação de três obras de arte na paisagem, que foram O Farol dos Ventos, em Proença-a-Nova; a Moon Gate, em Oleiros; e o Véu, na Sertã.
O projeto incluiu outras valências, sempre com o objetivo de promover o Interior e as suas pessoas e contribuir para pensar o território e juntar artistas de diferentes expressões.
Inaugurada primeiramente num formato on-line, a exposição da Cortiçada Art Fest pode agora ser apreciada na Galeria Municipal Comendador João Martins, no Parque Urbano, em Proença-a-Nova, até dia 28 de abril. A mostra inclui pintura, cerâmica, fotografia, tapeçaria e música, juntando as expressões de artistas como Carlos Farinha, Yola Vale, Duarte Belo, Helena Fernandes, Tiago Pereira, Marco Figueiredo e os Senza.
No dia da inauguração da exposição, a 12 de fevereiro, foi destacado este olhar sobre o território a partir de diferentes lentes. O presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, apontou precisamente para a força da arte, ao afirmar que “é um veículo importante para esta matriz dos territórios, mas essencialmente de atratividade”.
João Lobo, ao fazer uma breve cronologia do projeto Cortiçada Art Fest, referiu a existência de obras de arte em pontos improváveis, no caso de Proença-a-Nova ficou na Serra das Talhadas, junto à Buraca da Moura, e nos Cunqueiros na obra Magma Cellar, e a sua capacidade de atração de pessoas.
“Não há natureza e não há monumentalidade no espaço territorial que não seja vivido, pode ser contemplado, mas a riqueza são as pessoas e essa é a tónica principal” afirmou João Lobo, que adiantou ainda que este projeto “terá continuidade, com o objetivo de criar um museu de arte ao ar livre beneficiando da maior riqueza do concelho: a natureza”.
A floresta foi a fonte de inspiração para Yola Vale criar Pele da Terra, cinco murais de cerâmica seccionados, que apresentam cascas de pinheiro com diferentes tonalidades. “Há muita gente que pensa que isto é casca de pinheiro e não é, é tudo cerâmica, são peças modeladas à mão, uma a uma, mas inspiradas nessa casca”, referiu. As diferentes cores são alcançadas por diferentes técnicas de cerâmica. Por exemplo, na que reflete a casca de pinheiro queimada, recorrendo à técnica Rakú, as peças foram literalmente incendiadas para se conseguir o efeito pretendido. A partir destes murais, a artista pretende incentivar uma reflexão sobre a floresta, base de sustento para muitas pessoas no passado. “Havia um respeito muito grande pela natureza, havia uma economia circular, de proximidade. Infelizmente tem-se vindo a ver cada vez mais o abandono das terras e o despovoamento, tanto humano como da floresta”.
Helena Fernandes inspirou-se na Beira Baixa para criar a sua tapeçaria, onde conjugou texturas e cores, mas também o perto, o longe e o céu. Todos os elementos foram tingidos por si e privilegiou a utilização de materiais naturais, como o cordel e a ráfia. Partes da tapeçaria foram feitas em casa, à lareira, e depois compostos na Fábrica da Criatividade, em Castelo Branco. “A maior parte das minhas tapeçarias são mais monocromáticas, mas com muitas texturas e técnicas diversas. Desta vez achei que na Beira Baixa teria de exaltar as cores e sobretudo as texturas. Os fios na maior parte são de sisal, material com uma textura que na minha perspetiva se adequa a estas terras”, referiu.
Marco Figueiredo e a dupla Senza, formada por Catarina Duarte e Nuno Caldeira, apresentaram por sua vez algumas músicas do seu repertório, trazendo a sua visão e pensamento crítico para a forma como se vê e se vive o território.

23/02/2022
 

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