Edição nº 1732 - 9 de março de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

ENTRAMOS NO DÉCIMO SEGUNDO DIA da bárbara agressão da Rússia de Putin à Ucrânia. Uma ignomínia para o povo russo que se vê a viver num estado pária, condenado e isolado por grande parte da comunidade internacional. Putin, como todo o ditador que se preze, vive numa bolha rodeado de personagens fidelíssimas que não se atrevem, nem se lhes passa pela cabeça, dizer o contrário daquilo que pensa o chefe. Por isso, nas suas fantasias mais íntimas Putin imaginava um passeio triunfal até Kiev, flores sobre as tropas russas por Ucranianos ansiosos pela chegada daqueles que os iriam salvar de um governo nazi, corrupto e genocida. Talvez que Putin tivesse essa fantasia. Dois ou três dias e a coisa ficaria resolvida. Do outro lado, os fracos das democracias liberais, de uma Europa desunida, mal teriam tempo de reagir. Mais uma vez, como já acontecera na Tchetchénia ou na Crimeia, iriam protestar uns dias até o tema sair das primeiras páginas dos jornais ou da abertura dos telejornais. E os negócios com um ou outro percalço lá se iriam refazer. Os seus yes men não tiveram coragem de lhe fazer ver a realidade, foi viral no mundo digital aquele puxão de orelhas em direto ao seu chefe das secretas só porque ele não foi suficientemente convincente na certeza da vitória, na justeza da intervenção. O ditador preferiu viver uma mentira e claramente que não esperava a reação do povo ucraniano, não esperava a resposta de uma Europa unida como nunca se vira, de uma quase unanimidade global na condenação do ato vil que trouxe a dor e a morte a todo um povo, que nos fez rever imagens que nos fazem recuar para a Segunda Guerra Mundial, de centenas de milhares de refugiados em fuga, grande maioria mulheres, crianças e idosos. O conjunto de ações de embargo económico à Rússia, como nunca antes visto, já está a fazer mossa e a provocar descontentamento e alarme entre os Russos. Que muitos, independentemente de já sentirem na pele estas restrições, contestam a aventura de Putin em manifestações pacíficas, mesmo enfrentando a prisão. Um Putin encurralado, a perder em toda a linha, sabendo que cada dia que dure esta guerra, e infelizmente ela vai durar bem mais do que todos nós desejaríamos, vai juntar mais tijolos para a sua sepultura, poderá ser afastado do poder pelo povo que parece cada vez menos representar? Infelizmente e pelo menos a curto prazo, tal não nos parece provável. E num país de poder ditatorial onde não há liberdade de Imprensa nem de crítica, não é de admirar que nas mais recentes sondagens de opinião, ainda que realizadas nas vésperas da invasão, a taxa de aprovação da política de Putin tenha subido para 71 por cento, com 52 por cento dos Russos a considerar que o país vai no rumo certo e, sem surpresa, com mais de metade a atribuir à NATO, à União Europeia e aos EUA a responsabilidade pelo agravamento da situação na Ucrânia. A concluir, não posso deixar de referir a impressionante onda de solidariedade que varre o nosso país de Norte a Sul. Toneladas de mantimentos, agasalhos e medicamentos são recolhidos e enviados para a Ucrânia. Somos um povo solidário como antes já o mostráramos no apoio à luta pela liberdade dos nossos irmãos Timorenses.

09/03/2022
 

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