Edição nº 1732 - 9 de março de 2022

Alfredo da Silva Correia
POBRE POVO NAÇÃO VALENTE - A NOSSA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Não nos é difícil ter hoje a leitura de que a nossa Administração Pública, na generalidade, tem sérias dificuldades em prestar um serviço com um mínimo de qualidade às populações e mesmo às empresas. Sendo assim, entendo que face às dificuldades sentidas sobre esta matéria deveria sempre ser um tema a ser profundamente tratado pelos candidatos à governação do país, já que as deficiências sentidas em tal matéria, são tantas que quem quiser bem nos governar não pode deixar de procurar resolver este enorme problema.
Ao fazer esta afirmação não posso deixar de sentir que devo apontar vários exemplos do deficiente funcionamento da administração pública. Assim vou começar por referir os seguintes: enormes dificuldades sentidas em se tratar numa Conservatória de um simples registo de dissolução e liquidação de uma cooperativa e mesmo de uma empresa; dificuldades e o tempo que leva a registar um imobiliário nos serviços respectivos, a fim de que o investidor o possa por a render, o que muito o penaliza; conseguir a aprovação por uma Câmara Municipal de um projecto para construir um mero edifício, sentindo-se, quantas vezes, que leva mais tempo do que a construí-lo. Só estas dificuldades já seriam suficientes para avaliar este problema, mas posso ainda indicar as dificuldades em se mudar a residência de Portugal para outro país, sobretudo quando exija ser presencial; o funcionamento geral dos serviços de saúde, da educação, ou mesmo da justiça, tudo tornando a vida do nosso povo numa espécie de inferno burocrático, bem desmotivante, também do próprio empreendedor. Acresce que as deficiências e dificuldades sentidas quando se utiliza as plataformas púbicas digitais, não ajudam no objectivo de se conseguir um bom funcionamento da administração pública, pois sente-se que as mesmas não são sujeitas às actualizações devidas e em tempo oportuno, complicando muito a vida ao utilizador.
Estas observações só não são sentidas por quem tem a sorte de não necessitar dos serviços públicos, pois quando lhe surge uma necessidade e tem de deles se socorrer, depara com dificuldades enormes. Assim, não pode deixar de sentir que os políticos deveriam procurar fazer o aprofundamento desta matéria, a fim de que sejam tomadas medidas que conduzam ao seu bom funcionamento, sem o que jamais sairemos da cepa torta, com um nível de vida muito inferior ao da média dos povos da Europa.
Para o aprofundamento de tal problemática vou procurar fazer uma análise às causas deste mau funcionamento, até porque sinto que o mesmo não se deve, em termos médios, à qualidade dos funcionários públicos, mas sim a uma cultura errada vinda de cima, a uma organização e gestão deficientes e também ao fraco investimento feito na introdução de novas tecnologias e até da renovação dos equipamentos ao seu serviço, estranhando que tudo isto não tenha merecido por parte dos candidatos a deputado o devido tratamento, durante as últimas eleições legislativas.
Sobre toda esta problemática da minha leitura inerente ao deficiente funcionamento da administração pública não nos pode escapar o facto de, em números muito gerais, antes da chegada da troika termos cerca de 700.000 funcionários públicos, para depois das medidas por ela tomada terem caído para cerca de 650.000 e agora já se voltar a falar em mais de 731000. A agravar esta situação o facto de se sentir que pelo que se lê e ouve nos órgãos de comunicação social, existe uma enorme falta de mão-de-obra, em quase todos os sectores da Administração Pública o que não pode deixar de ter um profundo significado.
De facto, entendo que este problema deveria merecer uma profunda análise por parte dos candidatos à governação do país e se ela não é feita, tal só pode significar que os mesmos não têm a qualidade devida, por os mais preparados para governar a causa pública se estarem a afastar de tais funções, eventualmente por incapazes estarem a infernizar o ambiente político, como forma de ganhar o poder. Desta forma não é de estranhar que nem na recente campanha eleitoral tenha havido capacidade para tratar de uma problemática tão importante para a nossa sustentabilidade económica. De facto na minha opinião, um país, uma empresa ou mesmo uma família é sempre o resultado da cultura que lhe vem de cima, pelo que se a nossa administração pública não oferece um bom funcionamento, tal só se pode dever à cultura que de cima lhe vem. Assim, quando os nossos políticos injectam uma cultura de facilidades e não de exigência, para além de que não injectam a necessidade de que é necessário bem organizar os serviços, o que passa sempre por ter chefias, mesmo as directas, bem conceituadas e com o poder devido, tudo entra em mau funcionamento e quem se lixa é sempre o mexilhão, ou seja o povo.
Uma administração pública a prestar um bom serviço ao povo e às empresas é fundamental para que sejamos competitivos e autónomos em termos económicos, para que possamos ter um bom nível de vida. Assim, tudo deve ser feito para que a administração pública preste ao povo bons serviços, a fim de que haja incentivo ao empreendimento empresarial, pois só a partir dele conseguimos um bom nível de vida. Um bom investimento que a dita Bazuca ou o PRR nos poderia facultar seria o da reorganização da administração pública, a fim de a tornar eficiente e com economia de recursos. Vamos ver se os nossos políticos se lembram disso.
(Ex-dirigente associativo empresarial)

09/03/2022
 

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