João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
UMA GUERRA GANHA-SE EM VÁRIAS FRENTES. Na frente de batalha, na frente económica e na frente da propaganda. No confronto militar, a diferença de forças em presença é de tal forma abissal que não é difícil acreditar que a prolongar-se a guerra, a Rússia que se o poderio fosse pouco ainda pediu ajuda militar à China, acabará por conquistar as grandes cidades da Ucrânia, feitas em ruínas que irão cobrir os corpos de muitos milhares de civis. Mesmo que seja uma vitória de Pirro, Putin poderá cantar vitória e colocar algum governo fantoche que para pouco servirá. Uma vitória que será provável mas que não será fácil, como o provam os mais de 6000 soldados russos mortos, incluindo pelo menos três altas patentes do exército. Sendo o número de soldados mortos considerado segredo de estado, o poderoso grupo de mães dos soldados russos consegue no entanto ter informação através de canais não oficiosos, algo que preocupa verdadeiramente Putin. Agora e como sempre, uma guerra faz-se também na frente económica. E aqui, a Rússia está a perder em toda a linha, com uma economia sufocada pelas sanções nunca antes tão duras como estas aprovadas pela unanimidade dos países da Comunidade Europeia. Claro que elas têm efeitos colaterais, particularmente na Europa onde já se sente um ambiente económica de guerra. A dependência energética não permitiu o fecho das condutas que vêm da Rússia e os combustíveis têm subido de uma forma brutal com uma subida de preços das matérias-primas e dos produtos básicos que vai afetar principalmente a população mais humilde que já tinha um apertado orçamento doméstico e não se acredita que tenha capacidade de poupar para enfrentar a inflação galopante que ainda mal começou. Uma situação que o governo terá que enfrentar de forma clara e decidida e de que o pacote de ajudas segunda feira definido poderá ser a primeira resposta à crise. Finalmente a frente da propaganda, que preferíamos denominar de informação. Que não é, muito menos do lado da Rússia onde a informação não é livre e é antes uma arma de propaganda. Na Ucrânia, são os jornalistas estrangeiros e os prestigiados media de todo o mundo ocidental que garantem a fidedignidade da informação mesmo enfrentando os maiores riscos e já há dois que foram assassinados pelas tropas invasoras. O que vemos diariamente é uma propaganda do lado russo fácil de desconstruir. Até risível de tão mal construída, como a teoria de que os ucranianos se auto infligem em ataques a zonas residenciais e às centrais nucleares para lançar as culpas sobre a Rússia ou a de que a maternidade que eles atacaram e destruíram, onde grávidas morreram ou ficaram feridas, estaria desativada e serviria de abrigo a tropas nazis. Apenas dois entre muitos exemplos possíveis onde é bem evidente a diferença entre informação e propaganda. A propósito, se conforme a propaganda russa o objetivo da guerra seria desnazificar a Ucrânia, como explicar que a Rússia seja a principal fonte de financiamento dos movimentos de extrema direita de Espanha, Alemanha, França e Itália. Parece que André Ventura recusou o presente envenenado. A mesma perspicácia que o fez ver automóveis Mercedes nos bairros da lata e, agora, iPhones topos de gama nas mãos de refugiados ucranianos. Claro que é tudo gente que não quer trabalhar e que quer é aproveitar as benesses da Segurança Social portuguesa.