SE SE CUMPRIR O CALENDÁRIO ANUNCIADO, será finalmente anunciado esta quarta, dia da saída da Gazeta, a composição do novo Governo liderado por António Costa. Cumpriram-se assim todos os requisitos constitucionais, porque será também o dia 23, quarta-feira, a data limite de recebimento dos votos dos emigrantes pelo círculo da Europa com resultados publicados nesse mesmo dia, a pôr fim a todo uma situação que deveria envergonhar a classe política. Voltando ao Governo, há quem admita que já foi remodelado ainda antes de ser anunciado para melhor enfrentar a situação nova de guerra na Europa. De facto muita coisa em Portugal e no Mundo mudou desde o momento em que o PS saboreou a vitória da maioria absoluta. Será um Governo mais pequeno e liberto das peias da geringonça, provavelmente mais reformista, o que António Costa se prepara para chefiar. O líder socialista vai querer ficar na história da democracia pelas melhores razões, como sendo o Primeiro Ministro de mais longo mandato, o Primeiro Ministro que cometeu a proeza de ter enfrentado com sucesso uma epidemia nunca vista em gerações e, quando se adivinhava uma retoma económica robusta, apanha com os estilhaços de uma guerra absurda, longe mas perto nas consequências económicas. E tudo o que os Portugueses esperam e merecem é que o Governo que ele vai liderar seja capaz de dar a melhor resposta aos problemas decorrentes de uma guerra que se adivinha longa. Que seja uma governação de sucesso para quatro anos, é tudo o que deverá desejar qualquer Português.

PERIODICAMENTE A JUSTIÇA PORTUGUESA surpreende-nos, infelizmente nem sempre pelas melhores razões. Desta vez temos uma juíza do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa a libertar o arguido Mário Machado da obrigatoriedade de apresentações quinzenais no posto policial da sua área de residência, para ir em missão humanitária para a Ucrânia, se fosse necessário para lutar ao lado das tropas ucranianas. Seria cómico se não fosse trágico. Mário Machado é só o nosso mais reputado neonazi, já condenado por vários crimes de ódio e racismo, envolvimento no famoso caso do homicídio de Alcino Monteiro e agora a aguardar julgamento por posse de arma proibida. É este homem que diz à juíza estar a mobilizar um grupo de pessoas de vários pontos do Mundo, nem é preciso dizer que são neonazis como ele, para partir para a Ucrânia. Muito provavelmente para se juntarem ao tristemente famoso extremista Batalhão Azov. Vão encontrar um território fértil para treinar práticas de guerra que podem ser exportadas para outros territórios ocidentais. Vamos acreditar que a juíza é tão ingénua que acredita que este homem vai para a Ucrânia por interesses humanitários?

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