A PARTIR DO MÊS DE ABRIL
Biblioteca Egas Moniz acolhe a Aula de António Salvado
A Biblioteca Egas Moniz, da Escola Secundária Nuno Álvares (ESNA), de Castelo Branco, acolhe, a partir do próximo mês de abril, a Aula de António Salvado – Língua e Poesias Portuguesas, que terá uma periodicidade mensal, numa quarta-feira, ao final da tarde e será aberta a quem pretender assistir, e que tem como objetivo promover o conhecimento e a valorização da língua e poesias portuguesas e propiciar abordagens complementares e enriquecedoras dos estudos académicos ou dos interesses comunitários.
A iniciativa surge de uma parceria que envolve a Junta de Freguesia de Castelo Branco, que custeia eventuais deslocações de personalidades convidadas para preleções até um limite de 1.500 euros e a publicar anualmente as lições realizadas;o Agrupamento de Escolas Nuno Álvares (AENA), que facilita a utilização das suas instalações, assim como dos equipamentos necessários para a efetivação da Aula de António Salvado; e a Real Associação da Beira Interior, que produz os materiais de divulgação e gere a agenda da Aula de António Salvado.
O presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, José Dias Pires, realça que a iniciativa “resulta de três vontades e uma teimosia”, sendo que esta “é do patrono deste projeto, António Salvado”. Quanto às três vontades, são dos parceiros envolvidos.
José Dias Pires adianta que “desde há muito tempo pensava como fazer um melhor enquadramento desta faceta de António Salvado, além da faceta poética. Esta faceta tentou resolver-se no enquadramento da Escola Superior de Educação (ESE) de Castelo Branco e não foi possível, bem como no enquadramento do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) e não foi possível. Agora conjugamos estas três vontades e uma teimosia, numa escola onde António Salvado foi aluno e foi professor”, considerando que “deveria ter sido, possivelmente, o primeiro lugar em que se devia ter pensado”.
Luís Duque Vieira, vice-presidente da Real Associação da Beira Interior, revelou estar satisfeito com o facto de a iniciativa avançar.
Já o diretor do AENA, António Carvalho, começou por realçar “estar grato à ideia que estamos a concretizar”, para de seguida se referir a António Salvado pelo seu papel enquanto “poeta, autor, mas também o papel desempenhado na sua vida, que foi ser professor e nesta Escola”, sublinhando “o papel importante que aqui desempenhou”, sendo esta “uma condição para aderirmos na primeira hora”.
António Carvalho sublinhou, por outro lado, que “as escolas devem estar abertas à comunidade, não serem ilhas na comunidade”, pelo que “estamos sempre abertos e disponíveis para iniciativas destas”.
Avançou ainda que “há agora a responsabilidade de criar condições para a Aula aqui decorra e também pela sua divulgação”, com a certeza que “serão momentos únicos que terão o privilégio de aqui poder viver”.
Na apresentação da iniciativa, António Salvado explicou que esta tem um “pano de fundo: um curso Língua e Poesia Portuguesas. Mas a Aula terá ramificações que se estenderão não só às literaturas além-fronteiras, como a outras dimensões do saber e da cultura, que têm a ver com as artes plásticas, com a museologia, com a música. E essas matérias serão ministradas por especialistas, meus convidados e que, de certo modo, me substituirão na Aula”.
António Salvado esclareceu que “quanto à Aula propriamente dita, esta irá iniciar-se por uma abordagem ao mais longínquo da linguagem: como é que os nossos antepassados de há milhares de anos conseguiram juntar a um som um determinado significado e como é que, passados milénios, conseguiram exprimir por sinais (os alfabetos) essa curiosa junção de significante e de significado. E, depois como terão surgido as línguas? E os seus ramos?”.
A isto acrescentou ainda que “à Aula interessarão, acima de tudo, o que se terá passado no nosso espaço europeu. Qual a origem comum de tantas línguas europeias? E, diacronicamente, a Aula chegará ao espaço português. E da nossa língua e da nossa poesia a Aula se ocupará durante alguns meses. Mas a Aula avisa desde já: os seus sumários procurarão patentear, nas suas concretizações, tópicos marcados pela originalidade, sem apressadas divagações ou excursos de alguma inutilidade. Isto é: a Aula tentará ser o mais antiacadémica possível. E quando ela não se mostrar nova na sua dicção, que aqueles que a ela assistam levantem o braço”.
António Tavares