Edição nº 1753 - 3 de agosto de 2022

POLUIÇÃO DO RIO OCREZA
Organizações enviam carta aberta ao ministro do Ambiente

A proTEJO – Movimento pelo Tejo, a Associação para o Desenvolvimento de Sobral Fernando (ADSF), o MAE – Movimento de Ação Ecológica e a Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda/Marateca (PDASA) escreveram uma carta aberta dirigida ao ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, a “apelar para a urgência de uma intervenção”, para “efetivar uma ação que ponha termo à poluição no Rio Ocreza que, mais uma vez, se encontra extremamente poluído neste mês de julho, com um nível de eutrofização e bloom de algas significativo, episódio que se repete ano após ano, e que já denunciámos no mês de agosto do ano passado”.
Os subescritores realçam que “esta situação ocorre após as descargas de água da Barragem da Marateca, ou Albufeira de Santa Águeda, e, tal como no ano passado, foi reportado ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana (GNR) e à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e câmaras de Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Castelo Branco”.
Na carta é destacado que “sempre que ocorre uma descarga da Barragem da Marateca a água fica verde, cheira mal, apresenta uma grande concentração de espuma, com zonas azuladas, cheiro fétido e borras pretas ao cimo da água, sugestivo da presença de cianobactérias”, acrescentando que “as entidades alegam que a enorme descarga que efetuam na Barragem da Marateca pretende manter o caudal ecológico, mas esta ocorre apenas num único momento e não com um caudal contínuo e permanente, estranhando-se esta descarga abrupta no atual ano de seca generalizada que atravessamos”.
Por outro lado, recordam que em maio deste ano, a Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda/Marateca (PDASA) “denunciou e apresentou diversas queixas-crime ao Ministério Público por evidentes crimes ambientais que afetam a Albufeira de Santa Águeda/Marateca, cujos impactos ecológicos, mais evidentes ao nível da poluição, provocaram uma mortandade de peixes e de algumas aves, nomeadamente, um pato-real morto junto à água e três cegonhas”.
Perante isto a Plataforma considera que “a APA não agiu de forma consequente”, porque “não tomou em consideração as características desta Albufeira como abastecedora de água a dezenas de milhares de pessoas e os riscos que tem a obrigação de reduzir ao mínimo. Permitiu o abate de árvores autóctones e agora não impõe a reposição da situação. Permitiu o uso de pesticidas em vez de exigir um cerejal de cultura biológica que, obviamente, o proprietário não estaria interessado por se tratar de uma exploração intensiva destinada a obter o máximo lucro. Não procurou influenciar a iniciativa empresarial orientando-a para terras afastadas da zona de proteção da albufeira”.
As organizações que subescrevem a carta, tendo em vista a reabilitação da Albufeira de Santa Águeda/Marateca, propõem “a plantação de carvalhos e de outras árvores autóctones nos locais em que foram abatidas; a remoção do cerejal; a abertura dos acessos (antigos) ao plano de água que foram vedados e de acessos especiais a emergências de proteção civil; a prestação de informação pública sobre o que se pode fazer e não fazer, e onde, na zona reservada de 50 metros à volta da Albufeira e no plano de água; a execução de intervenções na zona reservada que possibilitem o pleno usufruto da Albufeira com atividades desportivas e de lazer autorizadas; a revisão do plano de ordenamento que, segundo o Plano de Ordenamento da Albufeira, devia ter sido efetuado em 2015”.
Duarte Cordeiro é ainda questionado se “não concorda que é uma vergonha ter estes níveis de poluição no vale do Rio Ocreza, que apresenta uma envolvente paisagística espetacular, que abriga espécies em vias de extinção, como é o caso da cegonha preta, do lagarto de cabeça azul, da águia de boneli, do bufo real, classificado como geoparque Naturtejo onde se integra o geomonumento do Vale do Almourão, onde passa o Rio Ocreza poluído prejudicando a afluência de turistas que acabam por se banharem num rio poluído”.
É ainda sublinhado que “Sobral Fernando é uma pequena aldeia do Concelho de Proença-a-Nova, mas da qual a sua população cuida, gosta e não quer poluição no seu rio. Querem voltar a ter o rio em que as pessoas bebiam água, lavavam mantas e que trazia boas memórias aos miúdos e graúdos, desejando que este rio continue a oferecer memórias igualmente boas aos seus filhos e netos”.

03/08/2022
 

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