Edição nº 1758 - 14 de setembro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NUMA SEMANA em que quem vê os telejornais há de pensar que os problemas das urgências nos hospitais já terminaram, talvez porque o alvo a abater já foi atingido, as aberturas dividiram-se entre o acontecimento planetário que foi a morte da rainha Isabel II, que deu intermináveis horas de diretos e mostrou um claro consenso à volta da importância histórica do acontecimento que ultrapassa em muito o Reino Unido, que dividiu com a da decisão do governo de aumentar as pensões de reforma para 2023, já com antecipação de entrega de parte do aumento em setembro próximo, ou prestação extraordinária como a refere agora António Costa. Complementada com aumento em janeiro numa percentagem, que somada com a tal prestação extraordinária dará um valor que deve cobrir a inflação. Uma medida talvez mal explicada que, ao contrário do que Costa imaginaria, o deixou debaixo de um coro de críticas da oposição e da maioria da opinião publicada. Acusado de usar truques, a engenharia que o governo usou para que na atualização de 2024 os reformados saiam prejudicados. O curioso é estas críticas virem de quem retirou o 13º e o 14º mês das pensões, que só o Tribunal Constitucional impediu o corte permanente de pensões, que nunca aplicou a lei (que não aprovou ) que agora tanto defende, desenhada para manter de alguma forma o poder de compra, a qualidade de vida, dos idosos. Acontece que a aprovação da legislação atual sobre atualização de pensões, remonta aos tempos de quando Vieira da Silva era ministro, aconteceu numa época de inflação muito baixa, muito longe dos valores que já não se viam há mais de trinta anos. As medidas to-madas para minorar, incluindo na classe média, os efeitos sociais de uma inflação de tempo de guerra, mereciam ter algum consenso. Foram feitas duras críticas, umas justas, outras injustas, em parte devido a erros de comunicação do governo. A maioria absoluta não justifica tudo.

A PARTICIPAÇÃO de Marcelo Rebelo de Sousa nas cerimónias dos Duzentos Anos da Independência do Brasil foi mais uma oportunidade para Bolsonaro enxovalhar Portugal, através do seu representante. Foi deprimente ver o nosso Presidente naquele palanque misturado com um Bolsonaro sem caráter e sem princípios democráticos, rodeado de capangas sem funções de estado, que estavam ali apenas na qualidade de apoiantes do presidente, que aproveitou as cerimónias oficiais para atos de propaganda, a botar discurso de ódio e sem alguma vez fazer qualquer referência ao que se estava a festejar. Os nossos serviços diplomáticos falharam ao não terem alertado para aquilo que já muitos previam. Parece que sem grandes proveitos porque o brasileiro não é burro, as sondagens feitas depois do dia 7, mostram ainda uma descida na previsão de voto do atual presidente, algo que deve fazer aumentar os desejos golpistas dos fanáticos bolsonaristas. Marcelo disse que não se sentiu incomodado com a situação. Se ele não se sentiu incomodado, sentiram-no muitos portugueses que consideram importante a presença de Portugal nas comemorações, mas que perante os riscos confirmados, se deveria limitar à sessão comemorativa no Congresso Nacional brasileiro, onde foi convidado de honra, e sem a presença de quem preferiu fazer mais um comício pago pelo estado brasileiro, no Rio de Janeiro. Não há festa nem festança a que não vá Dona Constança. Mas assim também é de mais.

14/09/2022
 

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