UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE CASTELO BRANCO
Câmara está “frontalmente contra” fecho da Maternidade e da Urgência Obstétrica
A Câmara de Castelo Branco está “frontalmente contra” o fecho, quer da Maternidade, quer da Urgência Obstétrica do Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco, da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB), garante o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues, à Gazeta do Interior.
Esta posição surge na sequência da polémica surgida na semana passada, depois de vir a público aquela que será a posição da Comissão de Especialistas nomeada pelo Governo, que propôs a concentração das urgências de Ginecologia e Obstetrícia de seis hospitais do País.
No que respeita à Região Centro, o que é apontado, por um lado é fecho da Urgência Obstétrica em Castelo Branco e na Covilhã, mantendo-se apenas a da Guarda, a par do encerramento das maternidades de Castelo Branco e da Guarda, ficando apenas a da Covilhã.
Perante esta possibilidades, Leopoldo Rodrigues assegura à Gazeta do Interior que “a posição da Câmara é frontalmente contra qualquer uma das possibilidades, porque a Urgência Obstétrica está relacionada com a Maternidade e Maternidade está relacionada com a Urgência Obstétrica”, realçando que “aliás, a situação mais premente em Castelo Branco e na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB) é precisamente a Urgência Obstétrica, porque estamos a falar de um território que é segundo maior concelho do País, sendo que na mesma área de abrangência da ULSCB está o terceiro concelho maior do País, Idanha-a-Nova, e já que mais não fosse por outra razão, só por estas já vale a pena ter Maternidade e os serviços de urgência a funcionar”.
Leopoldo Rodrigues explica que “uma grávida que venha, por exemplo, de Zebreira, ou que venha de Salvaterra do Extremo, já demora muito mais que uma hora. Portanto, imaginemos o que seria ter que ir para um hospital onde houvesse uma maternidade mais longe do que aquele que se situa em Castelo Branco”.
Tudo para reforçar que “a posição da Câmara é de total discordância relativamente áquilo que, supostamente (está proposto), porque ainda não vi nenhum estudo, o parecer da Comissão de Especialistas”.
O autarca acrescenta que “entendemos que Castelo Branco deve ter uma maternidade, que deve servir os concelhos da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), mas também outros concelhos, como já acontece hoje, que utilizam Castelo Branco no âmbito dos partos e da assistência às grávidas”. Assim, reitera, “temos uma decisão muito firme, aquilo que já disse em diferentes ocasiões, sempre que falei neste assunto, é que a Câmara estará na linha da frente no combate a esta posição se ela for para manter, ou se ela for para equacionar, e estaremos junto das populações a reivindicar uma maternidade para Castelo Branco”.
O autarca revela também que “já falei com a senhora presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSCentro). Falei com ela ao telefone a propósito deste assunto e já lhe manifestei as nossas preocupações e a nossa discordância relativamente ao mesmo. Também já falei com o gabinete do senhor ministro da Saúde e pedi para me agendarem uma reunião com ele, para tratarmos deste assunto. Portanto estão em cima da mesa essas reuniões, essa intervenção, e ao mesmo tempo a sensibilização do senhor ministro, que eu acredito que depois de ter conhecimento da especificidade do Concelho de Castelo Branco e dos concelhos que são servidos pela ULSCB, será sensível àquilo que são os nossos argumentos, porque são argumentos válidos, que têm sentido e são argumentos que refletem uma realidade que, por vezes, aqueles que fazem estudos, sem sequer ouvir as populações e os responsáveis desconhecem, como é o caso desta Comissão, que em nenhum momento ouviu a Câmara, eu nunca fui ouvido enquanto presidente da Câmara, o senhor presidente do conselho de administração da ULSCB nunca foi ouvido enquanto presidente do conselho de administração da ULSCB e só isto já denota alguma falta de proximidade com o território, com aqueles que têm responsabilidades no território, e ao mesmo tempo, se calhar, alguma dificuldade em entender as nossas especificidades e a realidade deste concelho”.
Em defesa da Maternidade, Leopoldo Rodrigues, recorda ainda a situação vivida em muitos hospitais do pais desde o verão, para sublinhar que “a Maternidade de Castelo Branco, ao contrário de outras maternidades, até de cidades e unidades locais de saúde bem maiores do que a de Castelo Branco, apesar das dificuldades, manteve-se sempre aberta, o que também é revelador do profissionalismo dos médicos, ou do médico que trabalha nessa maternidade, da forma como os responsáveis pela mesma encaram este assunto, que é um assunto importantíssimo”, reforçando que “conseguiram, apesar de todas as dificuldades, e apesar das limitações do verão, manter o serviço a funcionar, o que também é um bom indício daquilo que é a capacidade deste Hospital e da sua Maternidade, para dar resposta às populações”.
António Tavares