Edição nº 1766 - 9 de novembro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NO DIA EM QUE SAI A GAZETA DO INTERIOR já se saberá o resultado das eleições intercalares na América. E se se cumprir a tradição, os eleitores americanos terão castigado o presidente em funções. Previsão realista, já que Biden conta com a aprovação de apenas 40 por cento dos americanos. Tudo isto seria normal, seria a normalidade democrática a funcionar, se tivéssemos um Partido Republicano confiável e democraticamente responsável. Mas infelizmente o partido que está prestes a dominar a Câmara dos Representantes e o Senado, tem pouco a ver com o bom, o sério, o GOP (Great Old Party), Partido Republicano de outros tempos, um dos partidos fundadores da democracia americana. Contaminado pelo vírus trumpista, tornou-se um partido da extrema direita mais reacionária, uma extrema direita negacionista, violenta, adepta das teorias tremendamente cretinas de tão estapafúrdias, veiculadas por grupos como o Qanon que espalham as mais inverosíveis teorias da conspiração, com seguidores em todo o mundo, incluindo entre nós. Mas todos os republicanos serão assim? Não são. Ainda há políticos republicanos que têm a coragem (é isso, coragem) de enfrentar Trump. Mas não são eles que marcam a imagem do partido. A imagem de marca atual, transmitida pelos candidatos apoiados por Trump e a um passo de serem eleitos é a de grupo extremista que continua, passados dois anos, a negar a legitimidade da vitória de Biden, o usurpador do poder que pertenceria ao seu líder ungido pelos deuses, o salvador da América e do mundo. É uma das caraterísticas desta extrema direita antidemocrática, aqui como se viu também no Brasil, de apenas aceitar o resultado nas urnas quando ganham. Quando perdem, bradam por fraude. São candidatos defensores da violência, havendo até entre eles quem tenha estado no golpe contra a democracia como foi a invasão do Capitólio, e que não admitem o controle da posse de armas, chegando a considerar os massacres, que são recorrentes na América, como simulados. Se as sondagens que preveem a derrota de Biden se confirmarem e se os democratas perderem as duas Câmaras, os dois últimos anos de mandato do presidente serão bastante frustrantes porque não conseguirá a aprovação da legislação necessária à implementação das suas políticas. Biden, com o apoio que poderá ser fundamental de Obama, fez nos últimos dias uma quase desesperada campanha de apoio aos seus candidatos, alertando para o facto de a escolha ser também pela defesa da democracia. Que é tudo o que os fanáticos da extrema direita não querem, como se vê no Brasil, nas manifestações a pedirem ditadura militar com o silêncio cúmplice de Bolsonaro, o Trump dos trópicos. Por tudo isto, as eleições intercalares nos EUA são extremamente importantes, também para o futuro do apoio à Ucrânia contra o exército invasor de Putin.

09/11/2022
 

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