Edição nº 1767 - 16 de novembro de 2022

JORNADAS DE ESTUDO MEDICINA NA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XXI
Cadernos de Cultura vão ter versão digital

A Biblioteca Municipal de Castelo Branco acolheu, sexta-feira e sábado, 11 e 12 de novembro, as XXXIV Jornadas de Estudo Medicina na Beira Interior da Pré-História ao Século XXI, com António Salvado a lançar, na sessão de abertura, uma desafio ao presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, no sentido que no próximo ano, na 35ª edição, a autarquia atribua a Medalha de Ouro da Cidade a Alfredo Rasteiro, pelo facto de “nunca ter faltado às Jornadas”.
Por seu lado, Leopoldo Rodrigues, no final da sessão também deixou um desafio para que “seja apresentado um programa audacioso, no qual nos identifiquemos e levar mais além estes encontros”.
Antes o autarca destacou que “estes encontros são um caso sério, porque se realizam há 34 anos, de forma ininterrupta”, considerando que tal “valoriza Amato Lusitano, quem os organiza e Castelo Branco. Por isso é um motivo de orgulho e também é um motivo de incentivo estar com aqueles que durante tanto tempo têm a audácia de celebrar Amato Lusitano”.
Leopoldo Rodrigues revelou ainda que “os Cadernos de Cultura Medicina na Beira Interior da Pré-História ao Século XXI vão ter edição em meio digital e na Biblioteca Municipal de Castelo Branco”.
Ainda antes da conferência inaugural, António Lourenço Marques destacou que “reafirmamos o interesse da organização em manter este evento anual”, realçando “o espírito de trazer ao convívio as diferentes disciplinas. A partilha das diferentes disciplinas em causa”, não deixando de sublinhar que “a referência maior, o segredo da longevidade é Amato Lusitano”, para concluir que “são as Jornadas de Amato Lusitano e só assim têm sentido”.
António Lourenço Marques avançou também que “as ciências humanas estão em progresso, mas Amato Lusitano não deixa de se manter no foco das nossas atenções” e referir-se igualmente à exposição A Estátua de Amato Lusitano um património com futuro, organizada pela Câmara de Castelo Branco e que esteve patente na entrada da Biblioteca.
Já Paulo Samuel fez questão de “felicitar António Salvado e António Lourenço Marques pela organização das Jornadas, uma iniciativa que tanto prestigia Castelo Branco e o médico renascentista Albicastrense, Amato Lusitano”.
Na conferência inaugural, Alexandre Quintanilha abordou o tema O Conhecimento só floresce com Liberdade, explicando, logo à partida, que em relação a Amato Lusitano ia “contextualizá-lo naquilo que é conhecimento geral”, abordando áreas como “o que é o conhecimento e como é que o conhecimento cresce”.
Respondendo à questão para que serve o conhecimento, adiantou que “serve para realização pessoal, treinar profissionais competentes; explorar o desconhecido (as fronteiras); responsabilizar individual, social e ambiental”. Tudo para assegurar que “ao longo da vida, se tivermos sorte conseguimos construir uma autoconfiança lúcida”.
Quanto a como cresce o conhecimento, Alexandre Quintanilha avançou que é em três fases. A primeira começa com curiosidade/perguntas, a segunda com imaginação/respostas, enquanto a terceira respeita à validação.
Alfredo Quintanilha recordou depois que “Amato Lusitano foge de Portugal dois anos antes da perseguição dos judeus, perseguidos pela Inquisição, que em Portugal só caba no início do Século XIX”.
Já sobre a obra de Amato Lusitano caracterizou-a como sendo “baseada na curiosidade, imaginação e experimentação. Valorizando a liberdade de duvidar e de questionar. Construída nos ombros de gigantes, mas sem receio de ser crítico quando a evidência o justifica. Com a tal autoconfiança lúcida construída a partir da construção, sempre lenta, do conhecimento”.
Alfredo Quintanilha confessou, por ouro aldo, que em relação a Amato Lusitano “é difícil acrescentar algo que não tenha já sido descrito por tantos autores”, avançando, “estudou Botânica e Medicina”, para considerar que “fugir de Portugal, e mais tarde de Itália, foi a forma de continuar a contribuir para o conhecimento e escreve sobre a obra de Dioscórides e das drogas medicinais conhecidas”, tudo isto sem esquecer e destacara que “as sete centúrias, 700 casos clínicos, curas, na forma de diário de bordo, foram publicadas num só volume só após a sua morte”.
Sempre com o foco no tema da conferência, Alfredo Quintanilha referiu-se depois “aos quatro séculos de atraso de Portugal, sendo que até 1974 pouco mudou”. Mas também sublinhou que, “nos últimos 30 anos Portugal sai da cauda da Europa e situa-se acima da média europeia e da OCDE. De acordo com o Eurobarómetro, de dezembro de 2021, os Portugueses estão em primeiro lugar na Europa em confiança no conhecimento para resolver problemas”, acrescentando igualmente que “segundo dados de novembro deste ano, Portugal está em segundo lugar na Europa na percentagem de mulheres inventoras”. Factos que o levam a assegurar que “apesar de quatro séculos de atraso a liberdade consegue muito em pouco tempo”, questionando “o que poderíamos ter alcançado sem esse atraso”.
António Tavares

16/11/2022
 

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video