João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
IMPRESSIONA O NÚMERO DE POLÍTICOS que, em tantas ocasiões, aparentam ter uma atração pelo abismo. Com decisões difíceis de justificar à luz do bom senso. Poderíamos enumerar aqui vários protagonistas da política a quem se pode apontar este síndroma, se assim o poderemos considerar. Começando pelo mais recente, que me levou a estas considerações. Acontece no Brasil, onde o presidente eleito Lula da Silva vence nas urnas um Bolsonaro que, como todo o fascista populista que se preze, consegue arregimentar um exército de seguidores fanáticos e que por norma divide a sociedade entre o nós e o eles. Era importante que, pelas suas políticas e atitudes, Lula unisse agora aquele grande país irmão. Na tomada de posse que vai acontecer a 1 de janeiro, Lula manifestou a vontade de ter no ato a presença de Nicolás Maduro, que por portaria de Bolsonaro de 2019 está impedido de entrar no Brasil. Assim, se não puder ser de outra forma, Lula vai tomar como primeira medida já na pele de presidente, a revogação da portaria para que Maduro se possa encontrar com ele ainda no primeiro dia da sua governação. Maduro e a sua forma de governar não é de todo consensual, mesmo que se considere que Bolsonaro não tivesse mostrado sentido de estado ao suspender relações diplomáticas com Venezuela. Já muitos medias, que até davam de Lula uma imagem bem simpática, se mostram agora surpresos pelas prioridades do presidente. Perguntam se no Brasil não haverá problemas mais importantes a necessitar de urgente legislação. A inteligência política de Lula dizia-lhe certamente que as reações e até alguma quebra de encantamento iriam acontecer se quisesse levar avante o seu desejo. Outro caso, já tantas vezes referido é o de Putin. Que talvez entediado pela paz e harmonia que aparentemente se vivia, decidiu um dia vestir a pele de czar em missão de reconstruir o império perdido. Estava tão entediado que não lhe chegavam os palácios onde vivia, os iates e aviões privados que o levavam para as partes do mundo ocidental onde era adulado por aqueles que recolhiam as migalhas dos rublos espalhados pelas estâncias de veraneio e pelas principais capitais do Mundo. E um dia, entediado, perguntou aos seus militares e conselheiros que se supõe terem a missão de aconselhar: o que acham se fossemos ali ao nosso vizinho, numa missão especial libertávamos do nazismo os pobrezinhos e trazemo-los para o regaço da mãe Rússia? E os seus conselheiros e militares bateram as mãos de contentes. Que sim, aquilo era um passeio de fim de semana e depois desta operação especial relâmpago, o presidente para festejar até podia ir passear no iate por aqueles sítios habituais. O pior foi o abismo que não quis ver e a história da operação especial que era relâmpago, deu faísca que queimou definitivamente os dias tranquilos do presidente. E podíamos falar de Elon Musk, que comprou o Twitter e julgava que aquilo era um brinquedo. Ou que, como na história da bola, na minha infância, em que o dono da bola de cautchum jogava sempre nem que fosse o maior nabo e se o chateassem, pegava na dita, ia para casa e acabava o jogo. E caiu, espante-se, no abismo a tal velocidade que em poucas semanas deixou de ser o mais rico do mundo. E poderíamos falar de António Costa, que escolhe para importante cargo de secretário de estado adjunto, um homem que já era indiciado por más práticas no desempenho do seu cargo de presidente da autarquia de Caminha.
A TERMINAR, a todos os amigos e leitores da Gazeta do Interior, desejo um bom e feliz natal. Num ano de grandes incertezas a nível mundial, depois de termos vencido dois anos de pandemia que deixou em muitos de nós marcas físicas e psicológicas, sofremos agora os efeitos de uma guerra na Europa como nunca imaginaríamos ver. Solidários com o sofrimento do povo ucraniano, queremos manter o otimismo e acreditar que a justiça e a paz vencerão.