Edição nº 1791 - 3 de maio de 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

COMO SE PREVIA, da visita de Lula da Silva, do conteúdo da visita, dos acordos assinados (alguns importantes para os muitos brasileiros que aqui residem), pouco, muito pouco se falou. Estou convencido que se perguntassem a um português comum, nem saberia que a vista de estado de Lula da Silva resultou em acordos culturais e económicos de interesse para os dois países irmãos. Por variadas razões, a visita coincidiu com as comemorações do 25 de abril, fato que em si não deveria ter causado qualquer mau estar entre os que não apreciam a figura do presidente brasileiro, eleito democraticamente, escolhido para exercer funções pela maioria dos eleitores brasileiros, mesmo enfrentando manobras claramente antidemocráticas e golpistas. A visita de estado de Lula marcou o reatar de relações desde há vários anos esfriadas, depois do interregno de má memória de Jair Bolsonaro, de tal forma que a entrega do Prémio Camões ao cantor, poeta e escritor Chico Buarque estava em suspenso desde 2019. O mau estar terá provavelmente sido sentido por quem, da mesma forma que abomina Lula da Silva, também faz o possível por esquecer os princípios que nortearam a Revolução dos Cravos. Os mesmos que se preparam por estes dias, para fazer reunir em Lisboa a fina flor da extrema direita mais reacionária, que inclui o tal Bolsonaro que nunca, enquanto presidente, mostrou interesse em nos visitar.
Como já se previa e era pré-anunciado, o momento das cerimónias oficiais de boas vindas, na casa da democracia, foi perturbado pelo comportamento arruaceiro, infantil e malcriado do grupo liderado por André Ventura. Comportamento ignorado por Lula mas que o presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva, como anfitrião da cerimónia, não pôde deixar de criticar com palavras duras.
Deste incidente o que fica é que o Chega conseguiu um dos seus objetivos. Foi falado, esteve no centro das notícias e mais uma vez a comunicação social no geral, lhe deu de mão beijada a publicidade que André Ventura sabe ser essencial para fazer crescer o partido. Mas também o que fica é a evidência, para quem ainda tivesse dúvidas, de que a falta de seriedade e maturidade deste partido, não tornam possível a sua participação em qualquer solução de governação, uma evidência que o principal partido da oposição não pode esquecer no momento em que queira ser governo.

HÁ ALGUMAS SEMANAS ATRÁS, escreveu-se aqui que a TAP era um produto tóxico para o governo. Esta semana, podemos dizer que o produto tóxico foi manipulado de tal forma displicente e amadora que já envenenou a equipa governativa. E a novela interminável teve esta semana o episódio do ministro João Galamba, o seu adjunto, o computador e a intervenção do SIS. Um episódio tenebroso que agrava a instabilidade num governo de maioria absoluta, que tem um presidente a toda a hora a anunciar que não quer dissolver o parlamento, mas que pode dissolver quando assim o entender. Com seus cirúrgicos comentários a colocar pressão sobre este governo, a manter o tema da possível dissolução nas agendas da imprensa e do espaço televisivo de discussão. E incidentes como este, a somar a outros, fragilizam o governo, a pedir uma remodelação urgente, apesar dos resultados económicos serem bastante positivos.

03/05/2023
 

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