Edição nº 1810 - 20 de setembro de 2023

Lopes Marcelo
NUMISMÁTICA E TEMPLÁRIOS

Há figuras e factos que ultrapassando a sua época são património da Comunidade a que pertenceram. Tal património é constituído pelos seus testemunhos de vida e pela obra que realizaram, deixando generosas sementes de futuro que nos cabe ajudar a frutificar tendo em vista enriquecer culturalmente a nossa sociedade. Quando tais sementes encontram o terreno fértil do conhecimento e da consciência cultural dos cidadãos, gera-se estudo e investigação; portanto mais conhecimento e maior consciência sobre os valores que enriquecem o património da Comunidade. Neste caso, refiro-me a duas figuras que foram ilustres personagens da segunda metade do século passado, que muito enriqueceram a cidade: o Dr. Luís Pinto Garcia e o Dr. José Manuel Capelo.
Em relação ao primeiro foi no ano passado prestada mais uma significativa homenagem com a atribuição de uma rua da cidade, a organização de uma representativa exposição biográfica e a publicação pela Sociedade de Amigos do Museu Francisco Tavares Júnior de um Catálogo sobre a sua vida e obra. Voltou, recentemente, a ser notícia o que se passa em Vila Viçosa, terra natal do homenageado Dr. Luís Pinto Garcia, evidenciando que muito há a estudar sobre a sua obra, designadamente na vertente da numismática. De facto, o Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Patrimónios – CECHAP de Vila Viçosa, criou o “Fundo de Numismática Luís Pinto Garcia” que já conta com mais de quatrocentos títulos de biblioteca especializada como fonte de conhecimento destinada a servir de base à produção de novos estudos, à organização de palestras e à produção de exposições de livros, de moedas, de medalhas ou notas bancárias. Não pode Castelo Branco seguir o exemplo de Vila Viçosa criando um Núcleo equivalente ou, pelo menos, estabelecer um protocolo de projectos e parcerias?
Quanto a José Manuel Capelo, na sua vida e obra destaca-se o seu importante contributo para o estudo e divulgação da enorme importância que a Ordem dos Templários teve no país, na região e, muito especialmente, na evolução histórica de Castelo Branco. De facto, aconteceu que a nossa cidade foi sede da Ordem durante um século (de 1214 a 1314). Na perspectiva do desenvolvimento regional e identidade local, pela vibração das raízes e pelos valores da identidade cultural, entendo que não basta arquivar a história, bem como não são suficientes as festivas referências de circunstância. Há muito na história dos Templários, na coerência dos veios da memória histórica, na sua acção civilizadora e, sobretudo, na construção do nosso Castelo. Os Mestres Templários, a partir de D. Gualdim Pais, deixaram marcas profundas em toda a Beira Baixa e, em especial, na nossa cidade.
Existem variados e ricos aspectos, temas, perspectivas de abordagem, de divulgação cultural e histórica sobre os Templários entrelaçados com a nossa história medieval que não podem ser esquecidos, nem apenas de forma ocasional e superficial servirem de cartaz de utilidade mais ou menos comercial. Assim o queiram saber e o saibam querer com determinação e autenticidade os decisores autárquicos e os responsáveis associativos, em diálogo, com capacidade de planeamento e de entreajuda para serem estabelecidas parcerias dinâmicas, designadamente com a Comenda dos Templários de Castelo Branco.
Uma parceria foi proposta pela Comenda à Câmara Municipal visando a criação de um Centro de Estudos, tendo sido estabelecido formalmente um protocolo assinado no ano passado por ambas as Instituições ao mais alto nível. A tal Centro de Estudos, visando valorizar e divulgar a notável acção dos Templários no nosso território, através de novos estudos, publicações, exposições e palestras, especialmente viradas para as escolas e associações culturais, foi proposto para patrono a figura do investigador José Manuel Capelo. Contudo, não se conhece que o Centro de Estudos tenha saído do papel, Até quando?

20/09/2023
 

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