Edição nº 1812 - 4 de outubro de 2023

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

TODOS OS ANOS POR ESTA ALTURA A SIC apresenta os seus Globos de Oiro. É uma festa que premeia e homenageia. Os premiados são quase sempre nomes ligados àquele grupo de comunicação. Enfim, é também um desfile de vaidades, com passadeira vermelha à maneira de Hollywood, é um grupo de individualidades da música, cinema, teatro e televisão que afivelam por uma noite um sorriso postiço e falsa alegria, que o espetáculo o exige. E de vez em quando lá é premiado alguém fora da caixa. Foi o que aconteceu na atribuição do Globo de Oiro de melhor intérprete, na categoria da música, à Garota Não, nome artístico de Cátia Mazari Oliveira. Marcou a diferença pela forma simples como se apresentou e pelas palavras que proferiu, mérito aliás reconhecido pelo Carlão no momento de receber o Globo pelos Da Weasel. As suas palavras, em forma de texto poético, foram tão marcantes que rapidamente viralizaram nas redes sociais:
“Vivemos o tempo dos Budas, das flores de plástico e das cómodas douradas
E rimos muito alto, por cima da música alta das esplanadas
Vivemos o tempo da kombucha, do coaching, das soft skills e da gratidão
Saibamos agradecer aos bancos os juros que nos cobram na habitação
Vivemos o tempo mais corrido de sempre
Das metas, dos objetivos, do ‘nem que me esfarrape’
Não há esforço que não valha a pena, seremos todos Luft, Tap
Vivemos tempo de maioria absoluta, de posso e mando, de meritocracia
O mérito mede-se a partir dos dentes, das notas do colégio ou da demagogia?
Obrigada por esta oportunidade, um globo de ouro nas mãos de um ser tão falho
Há quem tenha muita sorte
A sorte, a mim, tem-me dado muito trabalho”
E é esta Garota Não que teremos em Castelo Branco neste próximo 5 de outubro, depois de já ter atuado não faz muito tempo no Centro Cultural de Alcains. Desta vez, para além do Cine-Teatro para cantar, estará também na Biblioteca da Fundação Manuel Gargaleiro para receber o prémio Ciranda 2023, das mãos de Elsa Ligeiro da editora Alma Azul, pelo seu trabalho 2 de abril, que é o nome do seu disco mais recente e do bairro social de Setúbal, onde cresceu.
Garota Não, na arte de criar canções empenhadas na denúncia das desigualdades e injustiças, verdadeiros retratos sociais, é a herdeira legítima de José Afonso, José Mário Branco ou Sérgio Godinho, entre outros dessa geração e tem uma carreira à sua frente que merece ser seguida. Uma boa proposta aos nossos leitores, próxima quinta-feira, no cinco de outubro, também uma excelente maneira de festejar a República.

04/10/2023
 

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