O primeiro jogo de futebol realizado em Castelo Branco, de que há notícia, está distante no tempo. Aconteceu a 14 de abril de 1912. De imediato o jogo da bola agradou e passou a fazer parte dos interesses dos jovens. A formação de grupos que competiam entre si foi espontânea. Se a maioria desses grupos teve vida efémera, outros houve que criaram estruturas associativas que perduraram por alguns anos. Um desses grupos, animado com os êxitos desportivos do Sport Lisboa e Benfica (SLB), criou o Sport Lisboa e Castelo Branco, possivelmente em setembro de 1924. Para maior identificação com o clube de Lisboa, obteve mesmo o estatuto de Delegação.
Na meia dúzia de anos que se seguiu o Sport Lisboa e Castelo Branco ganhou espaço e tornou-se o clube desportivo mais representativo da cidade. Tinha sede e campo privado. Depois tornou-se evidente que algo não estava a correr bem. A 9 de junho de 1929, o clube convidou a Associação Académica Albicastrense para um jogo de futebol e apresentou-se sem bola. Recorreram à bola dos estudantes, mas até esta rebentou e o jogo teve de terminar aos 30 minutos por não haver outra para a substituir.
O Sport Lisboa e Castelo Branco, Delegação do SLB, desapareceu no ano seguinte. Foi convocada uma Assembleia Geral para 25 de Abril de 1930 ou para uma semana depois, se não houvesse quórum. Desconheço a ordem de trabalhos e não sei mesmo se a Assembleia se realizou, o que sei é que, sobre este clube, nunca mais foram publicadas notícias nos jornais.
O desaparecimento do Sport Lisboa e Castelo Branco trouxe como consequência deixar de haver clubes na cidade no início da década de trinta. No entanto, o entusiasmo pela modalidade continuava forte. Os grupos espontâneos continuavam a formar-se e aproveitavam todas as oportunidades para competir livremente entre si. Um desses grupos, constituído por adeptos do SLB, decidiu levar a sério o gosto pelo futebol. Com a irreverência que caracteriza os jovens e em confronto com o pensamento político vigente, em fevereiro de 1934 (há 90 anos), criaram um clube novo a que chamaram Onze Vermelho Albicastrense. Elegeram uma direção e elaboraram estatutos que foram aprovados pelo Governador Civil a 24 de março de1934. O pedido de filiação no SLB foi aceite e ficou criada a Filial Nº 30.
O exemplo dos Vermelhos foi seguido por outros grupos. No mesmo ano de 1934, formaram-se em Castelo Branco mais quatro clubes. Com exceção do Clube da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, todos os outros seguiram cores que, na época, se destacavam no futebol nacional.
Para memória, regista-se a constituição da primeira Direção do Onze Vermelho Albicastrense: Presidente, António Tavares; Vice-Presidente, Alberto de Abreu; 1.º Secretário, António Correia de Sá; 2.º Secretário, Domingos de Abreu; Tesoureiro, Francisco Pereira; 1.º Vogal, José Maria de Abreu; 2.º Vogal, Francisco Mendes Ribeiro.
Entretanto, dois anos depois, o nome do clube, Onze Vermelho Albicastrense, foi contestado por quem se sentia incomodado com a conotação. Ainda se fosse encarnado!… Tornou-se urgente sanar o incómodo. Em Assembleia Geral de 3 de junho de 1936, convocada para o efeito, tratou-se de adotar outra designação. Ocorreu aproveitar o nome da Delegação do SLB que tinha existido na década anterior. O Onze Vermelho Albicastrense passou a chamar-se Sport Lisboa e Castelo Branco e a deliberação foi comunicada ao Governador Civil no dia seguinte. 
Mas, a mudança do nome do clube dos Vermelhos de Castelo Branco não ficou por aqui. Recorde-se que a seguir a um período de vazio, o ano de 1934 foi fértil na formação de clubes. Em poucos meses, uma cidade que não tinha clubes passou a ter cinco. Já se vê que a débil capacidade económica existente não tinha condições para apoiar tanta coletividade desportiva. Levantou-se então um movimento no sentido de alcançar a concentração do futebol num único clube bem estruturado e sem filiação. O Sport Lisboa e Castelo Branco, que tinha começado por ser Onze Vermelho Albicastrense, em Assembleia de 26 de março de 1948, adiantou-se e deliberou mudar de nome outra vez. Passou a chamar-se Associação Desportiva de Castelo Branco. De igual modo tomou a decisão de se afastar do SLB e declarou que aceitava a integração dos outros quatro clubes da cidade. Mas, ficou logo assente que, se uma avaliação demonstrasse que não se tinham alcançado os resultados esperados, voltava tudo à situação anterior.
Ultrapassado o período experimental, a realidade mostrou que os outros clubes não ficaram entusiasmados com a possibilidade de integração. Se para uns era indiferente, o Clube de Futebol Os Albicastrenses expressou mesmo a rejeição. A estratégia de concentrar o futebol num único clube falhara. Em Assembleia Geral, de 12 de março de 1952, foi decidido que a Associação Desportiva de Castelo Branco voltava à situação que tinha em 1948. O clube readquiriu o estatuto de Filial Nº 30 do SLB e optou desde então pelo nome de Sport Benfica e Castelo Branco.
Com o decorrer do tempo, desde fevereiro de 1934, o Onze Vermelho Albicastrense, Filial Nº 30 do SLB, foi mudando de nome, mas nunca deixou de ser o mesmo. Hoje chama-se Sport Benfica e Castelo Branco e, por renumeração, é, desde 1976, a Filial Nº 7 do SLB. Curiosa é a expressão “agremiação desportiva fundada em fevereiro de 1934” que consta do Artigo 1.° dos seus Estatutos. Até ao início dos anos oitenta, esta expressão era usada frequentemente para identificar o clube. Parece que havia a intenção de deixar claro que, quer se chamasse Onze Vermelho Albicastrense ou tivesse qualquer das outras designações posteriores, não se podia confundir com a Delegação do SLB que existiu em Castelo Branco na década de vinte.
No campo desportivo, o Sport Benfica e Castelo Branco é um clube que, em diferentes modalidades, sempre soube representar a cidade. Tem o carinho dos Albicastrenses que acompanham com interesse a sua participação nas competições. De entre os muitos títulos alcançados sobressai o de Campeão Nacional da 3.ª Divisão conquistado em 1959/1960. O Sport Benfica e Castelo Branco orgulha-se também de ser um dos três clubes ainda existentes dos 10 que participaram na Assembleia que criou a Associação Distrital de Futebol, em 22 de março de 1936.
Joaquim Lalanda

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